Seria 'quase impossível' rastrear origem do SARS-CoV-2, diz especialista da Bélgica à Sputnik

Segundo Jean-Luc Gala, imunologista de uma universidade belga, as autoridades chinesas não facilitaram o trabalho dos especialistas da OMS, mas mesmo sem restrições seria "muito difícil" concluir a tarefa.
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É "praticamente impossível" rastrear a origem do vírus SARS-CoV-2, o patógeno que desencadeou a atual pandemia, disse o imunologista Jean-Luc Gala da Universidade Católica de Lovaina, Bélgica, à Sputnik.

Em relação à hipótese de que o coronavírus teria escapado de um laboratório chinês, Gala disse que "ninguém acredita nos resultados da investigação da OMS [Organização Mundial da Saúde] em Wuhan".

"Este grupo especial de especialistas internacionais enviado a Wuhan em janeiro de 2021 não teve acesso a tudo o que eles solicitaram às autoridades chinesas. O trabalho deles era muito limitado e controlado", disse o especialista.

"Mesmo em condições normais é muito difícil rastrear o desenvolvimento da epidemia em sua origem, mas se as autoridades não cooperarem plenamente isso é quase impossível", acrescentou Gala.

Segundo o pesquisador belga, o novo coronavírus poderia ter saltado para o ser humano no mercado em Wuhan, através de um animal infectado, mas também poderia ter sido um vazamento de laboratório.

"Eu não acredito nada em um vazamento intencional, mas uma infecção na saída do laboratório é bastante possível, dificilmente podemos descartá-la em qualquer caso", de acordo com ele.

Apesar de tudo, na opinião de Jean-Luc Gala, os norte-americanos recentemente não têm apresentado novas provas sobre uma possível fuga do novo coronavírus de um laboratório.

Controvérsia sobre a origem do vírus

O jornal The Times escreveu que a inteligência britânica reavaliou a hipótese de um vazamento de laboratório do SARS-CoV-2 de "remota" para "possível". Segundo The Daily Mail, o pesquisador britânico Angus Dalgleish e o norueguês Birger Sorensen suspeitam que cientistas chineses desenvolveram o novo coronavírus em um laboratório em Wuhan, tendo feito tentativas de "destruição deliberada, ocultação ou contaminação de dados" para fazê-lo parecer natural.

Os especialistas da OMS que viajaram para Wuhan em janeiro de 2021 para examinar laboratórios, hospitais e mercados locais em busca de pistas, apontando como versão mais provável a de o vírus ter saltado de morcegos para humanos através de um hospedeiro intermediário. Os EUA e outros 13 países criticaram em uma declaração conjunta o relatório emitido pela OMS em março de 2021, afirmando que estava atrasado e incompleto.

Joe Biden, presidente dos EUA, ordenou na última quarta-feira (26) à comunidade de inteligência norte-americana que redobrasse os esforços para investigar as origens do novo coronavírus e apresentar-lhe suas descobertas em um prazo de 90 dias.

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