Joe Biden, que prometeu reforçar as alianças tradicionais dos Estados Unidos, buscará fortalecer o relacionamento especial de seu país com o Reino Unido ao chegar a Londres esta semana para a cúpula do G7, ao mesmo tempo que envia um aviso ao primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, segundo reportagem do The Times. As reuniões do G7 acontecerão de 11 a 13 de junho.
Biden supostamente endossará as metas do G7 do primeiro-ministro britânico, como as relativas à pandemia do coronavírus e ao combate às mudanças climáticas, na sequência de uma sucessão de trocas verbais entre os dois governos sobre o Brexit e a Irlanda do Norte.
"No Reino Unido, depois de me encontrar com o primeiro-ministro Boris Johnson para afirmar a relação especial entre nossas nações, participarei da cúpula do G7", escreveu Biden no Washington Post no domingo (6).
"Este grupo de democracias e economias líderes não se reúne pessoalmente há dois anos devido ao coronavírus. Acabar com esta pandemia, melhorar a segurança da saúde para todas as nações e impulsionar uma recuperação econômica global robusta e inclusiva serão nossas principais prioridades", acrescentou Biden.
O líder norte-americano deve usar ostensivamente sua reunião com Johnson para enfatizar o apoio de Washington ao protocolo da Irlanda do Norte, assinado como parte do acordo do Brexit com a União Europeia (UE). Durante as negociações do Brexit, todos os lados concordaram que proteger o acordo de paz da Irlanda do Norte (o acordo da Sexta-feira Santa) era uma prioridade absoluta. O protocolo sobre a Irlanda e Irlanda do Norte abrange a situação especial na Irlanda do Norte, cujos termos foram negociados em 2019 e celebrados em dezembro de 2020.
De acordo com analistas, as perspectivas do acordo comercial EUA-Reino Unido poderão ser prejudicadas se a situação continuar sem solução. Enquanto isso, Biden vai supostamente exortar os líderes da União Europeia em Bruxelas a serem mais "flexíveis" e menos "burocráticos" ao negociar com o Reino Unido.
EUA, um 'fiador' do acordo da Sexta-feira Santa
Em setembro de 2020, democratas pró-irlandeses nos EUA expressaram preocupações de que a tentativa do Reino Unido de sair da UE em seus próprios termos poderia prejudicar o acordo de paz da Sexta-feira Santa. Joe Biden - então candidato presidencial democrata - apoiou o coro.
Ele, que é de ascendência irlandesa, advertiu Boris Johnson contra permitir que o acordo da Sexta-feira Santa com a Irlanda do Norte fosse prejudicado pelas negociações do Brexit. Os democratas alertarem que, se Londres optasse por uma fronteira rígida para garantir o Brexit, o acordo de livre comércio entre o Reino Unido e os EUA poderia entrar em colapso.
Não podemos permitir que o Acordo da Sexta-feira Santa, que trouxe a paz à Irlanda do Norte, se torne uma vítima do Brexit. Qualquer negociação comercial entre os EUA e o Reino Unido deve estar condicionada ao respeito pelo Acordo e impedir o retorno a uma fronteira rígida. Ponto final.
O presidente Biden já tinha reafirmado seu apoio ao acordo da Sexta-feira Santa em março, quando as tensões aumentaram em torno do assunto. A crescente insatisfação com o protocolo da Irlanda do Norte, estabelecido inicialmente para impedir uma fronteira terrestre rígida na Irlanda, mantendo efetivamente a Irlanda do Norte dentro do mercado único pós-Brexit, havia irritado os partidos sindicalistas e leais em Belfast.
Biden e Johnson também devem discutir os acordos comerciais, o que eles consideram os desafios da China e da Rússia e as restrições de viagens em meio à pandemia da COVID-19. As principais companhias aéreas dos EUA e do Reino Unido vêm pedindo que seja estabelecido um corredor de viagens transatlânticas sem quarentena entre as nações neste verão.
Joe Biden, que vai fazer sua primeira viagem ao exterior no cargo, deve se encontrar com a rainha no Castelo de Windsor no próximo final de semana. Em seguida, o presidente dos EUA seguirá para Bruxelas, onde se reunirá com as lideranças da UE e participará da cúpula de dirigentes da Organização do Tratado do Atlântico Norte, em 14 de junho.
Biden encerrará sua viagem em Genebra com sua primeira cúpula frente a frente com Vladimir Putin, presidente da Rússia, em 16 de junho.