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Bolsonaro pediu a Modi liberação de insumo de cloroquina para empresas no Brasil, revela mídia

Presidente Jair Bolsonaro expõe uma caixa de hidroxicloroquina durante cerimônia em Brasília
Segundo transcrição de telefonema feito em abril entre Bolsonaro e o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, o presidente brasileiro solicitou insumos de hidroxicloroquina para duas empresas privadas brasileiras.
Sputnik

De acordo com o jornal O Globo, no dia 4 de abril, o presidente Jair Bolsonaro, solicitou ao primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, que agilizasse a exportação de insumos para a fabricação de hidroxicloroquina, medicamento comprovadamente ineficaz contra a COVID-19.

O jornal, que teve acesso a um telegrama secreto do Ministério das Relações Exteriores (agora em posse da CPI da Covid) contendo a transcrição do telefonema, conta que os senadores avaliaram a ligação como sendo uma prova importante do envolvimento pessoal do presidente com o fornecimento de remédio sem eficácia para o Brasil.

Segundo a mídia, as duas empresas citadas, EMS e Apsen, têm relação com o bolsonarismo, já que o CEO da EMS, Carlos Sanchez, anteriormente foi recebido por Bolsonaro para reuniões no Palácio do Planalto, e o presidente da Apsen, Renato Spallicci, é um apoiador declarado do presidente.

Bolsonaro pediu a Modi liberação de insumo de cloroquina para empresas no Brasil, revela mídia
Bolsonaro pediu a Modi liberação de insumo de cloroquina para empresas no Brasil, revela mídia

"[…] Embora não haja, por ora, divulgação oficial, temos tido resultados animadores no uso de hidroxicloroquina para o tratamento de pacientes com a COVID-19. Gostaria, por isso, em nome do governo brasileiro, de fazer um apelo ao amigo Narendra Modi para que obtenhamos a liberação de importações de sulfato de hidroxicloroquina feitas por empresas brasileiras", disse Bolsonaro, de acordo com a transcrição feita pelo Itamaraty.

O presidente, então, continua dizendo que estava informado sobre um carregamento de 530 quilos de sulfato de hidroxicloroquina parado na Índia, que teria sido comprado pela EMS, e adiantou que havia outro carregamento destinado à Aspen.

"O sucesso da hidroxicloroquina para tratar a COVID-19 nos faz ter muito interesse nessa remessa indiana. Estou informado de que um carregamento de 530 quilos de sulfato de hidroxicloroquina está parado na Índia, à espera de liberação por parte do governo indiano. Esse carregamento inicial de 530 quilos é parte de uma encomenda maior, e foi comprado pela EMS […]. Adianto haver, também, mais carregamentos destinados a uma outra empresa brasileira, a Apsen", disse o presidente.

Em resposta, o primeiro-ministro indiano prometeu fazer "todo o possível" para atender ao pedido do presidente brasileiro.

"Dedicaremos, certamente, cuidadosa atenção ao pedido do Brasil, ao mesmo tempo em que concluímos a avaliação de nossos estoques e definimos as necessidades internas de produção […]", disse Modi.

Aspen e EMS

A Apsen é a maior fabricante de hidroxicloroquina do Brasil e recebeu R$ 20 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em 2020, de um total de R$ 153 milhões que receberá por dois contratos assinados em 2019, conforme noticiado no dia 4 de março.

Já o presidente da EMS, Carlos Sanchez, circula com facilidade no meio político bolsonarista. A mídia conta que além de comparecer a eventos com Bolsonaro, a empresa tem na fabricação de medicamentos genéricos a sua atuação mais destacada.

Bolsonaro pediu a Modi liberação de insumo de cloroquina para empresas no Brasil, revela mídia

Em nota, a Apsen afirmou que "todas as interações da companhia em âmbito governamental se dão por meios legais e dentro das normas estabelecidas pelo setor". A empresa diz ainda não ter havido "contato direto" com Bolsonaro.

A EMS respondeu que "o relacionamento da EMS com governos, em todas as esferas, é institucional", e que "a empresa tem se esforçado para produzir medicamentos no país solicitando matéria-prima no exterior".

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