'Não toque': mídia explica por que EUA não podem agir contra navios de guerra iranianos no Atlântico

Dois navios de guerra do Irã, o destróier Sahand e o avançado navio-base Makran, navegaram até o oceano Atlântico em uma missão de 30 dias, a primeira da Marinha iraniana na região.
Sputnik

As embarcações partiram do porto de Bandar Abbas em 10 de maio e cruzaram o cabo da Boa Esperança, sem atracar em nenhum porto durante o percurso. Teerã não deu detalhes sobre a missão nem comentou notícias sugerindo que os navios estão carregando armas para a Venezuela.

Na quinta-feira (10), o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, disse estar preocupado com a possiblidade de os navios iranianos estarem transferindo armas para a Venezuela.

"Estou absolutamente preocupado com a proliferação de armas, qualquer tipo de arma, em nossa vizinhança", afirmou Austin durante audiência no Senado norte-americano, citado pelo portal Politico.

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Navios protegidos

Ainda assim, e apesar de existirem sanções proibindo o comércio de armas com a Venezuela, os EUA não têm o direito legal de "tocar" ou agir de qualquer outra forma contra os navios de guerra de Teerã, afirma a revista norte-americana Foreign Policy. A mídia enfatiza que, de acordo com as leis internacionais existentes e reconhecidas pelos EUA, Washington carece de opções legais para fazer qualquer coisa sobre os navios da República Islâmica.

"[…] Qualquer ação dos EUA contra essas embarcações seria ilegal e prejudicaria um princípio fundamental da ordem internacional: imunidade soberana. Os custos da ação direta seriam severos, expondo os EUA a acusações de hipocrisia em relação à ordem baseada em regras e, potencialmente, abrindo os navios da Marinha dos EUA para tratamento semelhante por parte dos adversários", lê-se na reportagem.

A mídia acrescenta que enquanto um navio de guerra estiver em uma "passagem inocente", sem ameaçar um território costeiro, o Estado costeiro pode, no máximo, ordenar que o navio de guerra deixe a região. "A interdição ou prisão estão fora de questão, a menos que o navio ameace o Estado costeiro, ponto em que a autodefesa seria permitida."

Esse fato, no entanto, não impede políticos norte-americanos peçam uma ação contra os navios de Teerã. O senador Marco Rubio, representante do estado da Flórida, pediu a Washington que evite que as embarcações atraquem na Venezuela.

Irã não comenta

Teerã manteve silêncio sobre as razões da expedição militar, apenas observando que foi um "passo significativo" para a Marinha do país e serviu como uma demonstração de suas capacidades.

O Irã não comentou as notícias de que os navios transportavam armas para a Venezuela, mas observou que Teerã recuperou a capacidade de se envolver no comércio de armas, inclusive com Caracas, desde o ano passado, quando o embargo da ONU expirou.

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