Segurança e privacidade: membro do BCE explica porque defende introdução de euro digital

Nos encontramos em uma era onde o interesse em criptomoedas está crescendo, pelo que os vários governos no mundo procuram se atualizar.
Sputnik

Atualmente, vários bancos centrais estão ponderando a introdução de moedas estrangeiras em formato digital. 

Caso ocorra a introdução do euro digital, esta terá impactos positivos tanto nos consumidores como nos governos, sugere Fabio Panetta, membro do quadro executivo do Banco Central Europeu (BCE), em entrevista ao Financial Times.

"Se o BCE se envolver em pagamentos digitais, a privacidade vai ficar melhor protegida [...] porque não somos como empresas privadas. Não temos interesse comercial em armazenar, gerir ou monetizar os dados dos utilizadores", sublinhou Panetta, citado pela mídia.

De acordo com o membro do quadro executivo do BCE, a maior preocupação das pessoas no que toca ao euro digital seria a erosão de sua privacidade. Contudo, contrariamente às criptomoedas de empresas privadas, como a Diem do Facebook, ninguém teria acesso aos dados dos utilizadores - e quantias transferidas, bem como seu destino - nas cadeias de transação, sendo, portanto, impossível relacionar uma transação com uma pessoa específica. 

Panetta acrescentou ainda que transferências até 70€ ou 100€ (aproximadamente R$ 423 e R$ 604, respectivamente) vão ser completamente anônimas, e deverão ser realizadas através da conexão Bluetooth entre dois dispositivos. Já para transações mais avultadas, contudo, vai haver alguma vigilância governamental, de modo a prevenir a utilização do euro digital para atividades ilegais.

Nessas situações, "o pagamento já poderá ser reconstruído, caso a polícia queira investigar se houve atividade ilícita", explicou Fabio Panetta.

Criptomoedas e soberania monetária

Em contraste com o euro digital descrito por Panetta, as criptomoedas descentralizadas, como o bitcoin, já fornecem anonimato completo para ambos os lados da transação, independentemente do seu tamanho, pelo menos até ao ponto em que uma pessoa decidia converter sua criptomoeda em um banco central. É por isso que criptomoedas não regulamentadas são atrativas para entidades envolvidas em atividades criminosas.

Assim, o surgimento e a popularidade crescente das criptomoedas não regulamentadas são vistos como uma "ameaça" que pode colocar em risco a soberania monetária da União Europeia (UE), afirmou o membro do quadro executivo do BCE. Contudo, seria neste aspecto que o euro digital poderia se tornar a resposta do banco central para tal desafio.

Esta iniciativa é contestada por vários bancos comerciais, uma vez que esperam o favorecimento das criptomoedas por parte de seus clientes. Contudo, Fabio Panetta garante que o BCE não vai permiti que o euro digital prejudique demais a estabilidade destes bancos.

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