De acordo com cientistas políticos do Technion, o Instituto de Tecnologia de Israel sediado em Haifa, se eles tivessem de escolher um país para incentivar imigração para Israel, o Brasil seria o país ideal para as autoridades israelenses concentrarem seus esforços na promoção de aliyah, isto é, do regresso de judeus da Diáspora Judaica por todo o mundo afora a Israel. Tal se deve ao fato de a comunidade judaica brasileira possuir o alto grau de formação requerido pelo Estado judeu.
Comunidade judaica no Brasil
De acordo com o jornal israelense Haaretz, existem aproximadamente 90 mil judeus vivendo no Brasil, sendo que a maioria de seus integrantes tem menos de 34 anos de idade e um alto nível de educação.
A pesquisa realizada pelo Instituto Samuel Neaman para a Pesquisa de Políticas Nacionais, em Israel, centrou sua atenção em 12 cidades de diferentes países que possuem comunidades judaicas significativas, entre eles o Brasil, Argentina, México, África do Sul, França, Ucrânia e Rússia. O estudo concluiu que as metrópoles brasileiras de São Paulo e Rio de Janeiro são as mais prometedoras para promover a emigração "de volta" a Israel.
Conforme reporta a pesquisa, citada pela mídia israelense, os judeus que vivem dentro dessas cidades "são muito unidos, jovens, ligados a Israel e menos assimilados [à cultura brasileira, contrariamente às outras comunidades judias em outros países]". Para além disso, a formação destas populações jovens, nomeadamente nas áreas da tecnologia e da medicina, está sendo bastante procurada no mercado do Estado hebraico.
Por que deveriam judeus brasileiros emigrar para Israel?
O estado atual da economia brasileira, junto com os elevados níveis de crime e a ansiedade geral em termos de segurança pessoal, têm levado vários judeus brasileiros a questionar seu futuro no país, especialmente com a recente ocorrência de crimes de natureza antissemita, segundo o Haaretz.
Adicionalmente, mesmo que o estudo não tenha mencionado o assunto, a crise nacional fruto do novo coronavírus também poderia funcionar como um incentivo à emigração, uma vez que o Brasil foi um dos países mais gravemente afetados pela pandemia.
"A comunidade judaico-brasileira deve ser vista como detentora de um potencial significativo para a aliyah, e até mesmo marcada como o alvo preferencial de uma política 'focada na aliyah'", escrevem os autores, citados pelo Haaretz.
No entanto, os líderes da comunidade judaica brasileira que foram entrevistados para a pesquisa apontam vários obstáculos para a realocação de judeus brasileiros para Israel. Um dos principais desafios era a falta de informação e serviços disponíveis em português, além da dificuldade para os imigrantes conseguirem uma equivalência profissional.
Os pesquisadores, por sua vez, acreditam que "uma solução para esses problemas deve gerar um aumento da aliyah do Brasil", segundo foram citados na matéria.
É importante sublinhar que o estudo estima que mais de quatro milhões de brasileiros podem ser classificados como "bnei anussim" – descendentes de judeus forçados a se converterem ao Cristianismo durante o período da Inquisição espanhola e portuguesa. No entanto, descendentes de bnei anussim não são considerados para emigração para o Estado judeu sob a Lei do Retorno.
Contudo, a pesquisa revela que cerca de 30 mil bnei anussim já se converteram ao Judaísmo.