No sábado (26), o ex-presidente norte-americano Donald Trump (2017-2021) realizou um comício em Lorain County Fairgrounds, Ohio, EUA, que reuniu milhares de pessoas.
Michael Shannon, comentarista político e colunista no portal da Newsmax, afirma à Sputnik que Donald Trump pode ser muito valioso para o Partido Republicano porque pode fazer as pessoas votarem, acrescentando que o endosso do ex-presidente "conta muito".
Eleições legislativas de 2022
"Vamos retomar a Câmara [dos Representantes] e retomar o Senado", Trump prometeu à multidão no sábado (26). Em 2022, todas as 435 cadeiras da Câmara e 34 das 100 cadeiras do Senado norte-americano estarão em disputa.
O ex-presidente exortou os eleitores republicanos a oferecer uma "vitória gigantesca" para os legisladores do partido conservador ano que vem e pediu a eliminação dos "republicanos apenas de nome" (RINOs, na sigla em inglês). Um dos RINOs mencionados por Trump foi Anthony Gonzalez, representante do Partido Republicano em Ohio.
"[Gonzalez não é] o candidato que você deseja para representar o Partido Republicano […]. Cada um dos republicanos precisa tirá-lo do cargo."
O ex-presidente está certo quando critica os RINOs, considera Pamela Geller, ativista política norte-americana, blogueira e editora-chefe do portal Geller Report.
"Se os republicanos não pararem de se curvar à dura agenda da esquerda e ceder a eles o terreno na guerra cultural, a América estará acabada como sociedade livre. A situação agora é extremamente grave", observa a blogueira.
Segundo Geller, os democratas fraudaram as eleições de 2020 e têm agido para criminalizar e silenciar toda a oposição desde então, sob o pretexto do ataque ao Capitólio em 6 de janeiro, que deixou cinco mortos. A ativista não descarta que o incidente no Congresso dos EUA foi uma armadilha para apoiadores desavisados de Trump.
"Se [os democratas] não forem parados agora, eles tornarão impossível para as pessoas livres se manifestarem e se oporem à sua agenda, que eles então nos imporão, em detrimento desta nação e do mundo em geral. O futuro das sociedades livres em todo o mundo está em jogo", decreta, referindo-se ao aumento da censura nas redes sociais e na grande imprensa.
Administração Biden é um 'desastre'
Trump não perdeu a oportunidade de criticar a administração do presidente norte-americano Joe Biden sobre suas políticas de imigração durante o comício e mencionou a visita da vice-presidente Kamala Harris a El Paso, Texas, que fica perto da fronteira dos EUA com México.
Anteriormente, o ex-presidente presumiu que Harris decidiu visitar a fronteira apenas porque ele próprio havia agendado uma viagem para a fronteira com o governador texano Greg Abbott. O governo Biden tem sido criticado por sua política de imigração tanto pela direita quanto pela esquerda progressista.
"A administração de Biden foi um desastre. Ele diz que a América está de volta. E isso está correto. A América está de volta à América do [ex-presidente] Jimmy Carter [1977-1981] na década de 1970", disse Shannon em uma aparente referência ao aumento da inflação e aumento dos preços.
Quando se trata de política externa, o comentarista político lamenta o fraco desempenho de Biden no G7 no início deste mês: "Biden parece ser alguém que acabou de entrar nesta reunião do G7 […]. Biden sinaliza uma fraqueza perigosa que o país pode estar pagando em um futuro muito próximo", presume Shannon.
'Mensagem dupla' de Trump
Ao abordar as eleições de 2022 durante o comício, Trump permaneceu calado sobre a probabilidade de ser candidato novamente em 2024. No entanto, essa possibilidade se mantém como um dos tópicos mais discutidos desde sua derrota em novembro. Revés que Trump nunca reconheceu.
O ex-presidente brincou com a ideia de se juntar à corrida presidencial de 2024 durante suas entrevistas recentes. Neste domingo (27), em entrevista ao jornal Epoch Times, Trump prometeu decidir se vai concorrer ou não após as eleições legislativas de 2022.
No comício de sábado (26), Trump enviou uma "mensagem dupla", afirma Shannon: primeiro, o ex-presidente não deixou a ribalta e ainda quer ser um participante; segundo, embora Trump possa não se candidatar à presidência em 2024, ele será "uma espécie de mestre de cerimônias do Partido Republicano, realizando comícios para energizar a base para obter votos, para endossar candidatos, candidatos que continuarão o legado que ele prometeu, mas não entregou".
"Se a polarização continuar a aumentar, o que eu acredito que vai, e Biden fracassar, sem [passar] nenhuma legislação importante, o que eu também acredito que vai acontecer, Trump tem uma chance de voltar ao jogo", destaca Ethan Ralph, comentarista político conservador e fundador do portal The Ralph Retort.