Descoberta de fóssil de espécie humana antiga aponta para peculiar processo evolutivo (FOTOS)

Fósseis descobertos em Israel sugerem interações complexas entre diferentes espécies humanas. Pode ter relação com o fato de o Oriente Médio ficar entre três continentes, o que pode ter favorecido a troca de genes com habitantes locais.
Sputnik

A análise de fósseis recentemente descobertos em Nesher Ramla, em Israel, sugere que as interações entre diferentes espécies humanas eram mais complexas do que se acreditava anteriormente, de acordo com uma equipe de pesquisadores, incluindo o professor de antropologia da Universidade de Binghamton, em Nova York, nos EUA, Rolf Quam.

A equipe de pesquisa, liderada por Israel Hershkovitz da Universidade de Tel Aviv, publicou suas descobertas na Science. O sítio arqueológico de Nesher Ramla data de cerca de 120 mil a 140 mil anos atrás, no final do período do Pleistoceno Médio. Os fósseis humanos foram encontrados em uma profundidade de oito metros no local por Dr. Zaidner, da Universidade Hebraica.

Os fósseis humanos consistem em um pedaço de crânio e uma mandíbula. Os pesquisadores fizeram reconstruções virtuais dos fósseis para analisá-los usando sofisticados programas de software de computador e compará-los com outros fósseis da Europa, África e Ásia.

Descoberta de fóssil de espécie humana antiga aponta para peculiar processo evolutivo (FOTOS)

Os resultados sugerem que os fósseis de Nesher Ramla representam sobreviventes tardios de uma população de humanos que viveu no Oriente Médio durante o período do Pleistoceno Médio.

"Os fósseis mais antigos que mostram características de Neandertal são encontrados na Europa Ocidental, então os pesquisadores geralmente acreditam que os Neandertais se originaram lá", disse Quam.

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"No entanto, as migrações de diferentes espécies do Oriente Médio para a Europa podem ter fornecido contribuições genéticas para o pool genético do Neandertal durante o curso de sua evolução", explica.

As descobertas de Nesher Ramla são dignas de nota porque mostram um período de tempo no Oriente Médio com poucos fósseis, portanto, são adições importantes ao crescente registro fóssil da região. Os fósseis de Nesher Ramla parecem mais neandertais na mandíbula e menos neandertais na abóbada craniana, mas são claramente distintos dos humanos modernos.

"Mesmo tendo vivido há muito tempo, no final do Pleistoceno Médio, o povo Nesher Ramla pode nos contar uma história fascinante, revelando muito sobre a evolução e o modo de vida de seus descendentes", afirma Hershkovitz.

Os pesquisadores tiveram o cuidado de não atribuir os fósseis de Nesher Ramla a uma nova espécie. Em vez disso, eles os agruparam com fósseis anteriores de vários locais no Oriente Médio que foram difíceis de classificar e consideraram que todos representavam uma população local de humanos que ocupou a região entre cerca de 420 mil a 120 mil anos.

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Dado o fato de que o Oriente Médio fica na encruzilhada de três continentes, é provável que diferentes grupos humanos entrassem e saíssem da região regularmente, trocando genes com os habitantes locais. Este cenário pode explicar as características anatômicas variáveis ​​nestes fósseis, com os fósseis de Nesher Ramla representando os últimos sobreviventes conhecidos desta população localizada do Pleistoceno Médio.

"Esta é uma história complicada, mas o que estamos aprendendo é que as interações entre diferentes espécies humanas no passado eram muito mais complicadas do que imaginávamos anteriormente", revelou Quam.
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