Os cibercriminosos que podem estar por trás de um ataque devastador que deixou centenas de empresas em todo o mundo off-line, supostamente exigiram US$ 70 milhões (cerca de R$ 355 milhões) para restaurar os dados que estariam segurando.
A demanda foi postada em um blog na dark web no domingo (4), informou a Reuters. O blog é usado pela gangue do crime cibernético REvil, que os pesquisadores de segurança cibernética acreditam serem os responsáveis pelo último ataque, e também por outro que houve em maio à JBS, a maior empresa de processamento de carne do mundo.
O ataque da semana passada teve como alvo a Kaseya, uma plataforma remota de gerenciamento de Tecnologia da Informação. Centenas de clientes da Kaseya nos Estados Unidos, Canadá, Reino Unido e em todo o mundo tiveram seus dados congelados, com efeitos indiretos para os clientes em alguns casos. A rede de supermercados sueca Coop foi forçada a fechar todas as 800 de suas lojas no sábado (3), depois que o ataque inativou todas as caixas registradoras.
A Casa Branca anunciou no domingo (4) que o FBI e o Departamento de Segurança Interna "entrarão em contato com as vítimas identificadas para fornecer assistência". O presidente Joe Biden, que anteriormente acusou a Rússia de estar por trás de ataques semelhantes, disse a repórteres que "não tem certeza se são os russos" e está esperando que as agências de inteligência dos EUA investiguem.
Os EUA já culpavam a Rússia por vários ataques cibernéticos à infraestrutura e ao comércio americano, em parte por causa de seu suposto envolvimento no hack da SolarWinds no ano passado. Mesmo que Biden não tenha acusado Moscou de envolvimento direto em um ataque cibernético contra o fornecimento de combustível dos EUA em maio, ele insistiu que isso tinha "alguma responsabilidade", já que os hackers supostamente operavam em um país de língua russa.
A culpa também foi atribuída a Pequim. A Microsoft afirmou em março que pegou hackers chineses "patrocinados pelo estado" invadindo seus servidores de e-mail, e pesquisadores de segurança cibernética acusaram o estado chinês de envolvimento em vários ataques desde então, incluindo um na rede de transporte público de Nova York.
Moscou e Pequim têm negado sistematicamente as acusações dos EUA de envolvimento em crimes cibernéticos.
Em um comunicado na semana passada, a Embaixada Russa em Washington expressou esperança de que os EUA "abandonem a prática de acusações infundadas e se concentrem no trabalho profissional com especialistas russos para fortalecer a segurança da informação internacional".