O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), mandou prender o ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde Roberto Dias nesta quarta-feira (7).
A decisão foi tomada após virem à tona, em reportagem da CNN, áudios que desmentem a versão de Dias sobre encontro acidental com o cabo da Polícia Militar Luis Paulo Dominghetti, em restaurante em Brasília, onde o policial diz que o ex-diretor pediu propina de um dólar por dose de vacina contra a COVID-19 da AstraZeneca.
"O depoente vai ser recolhido pela Polícia do Senado. Ele está mentindo desde cedo e tem coisas que não dá para admitir [...] chame a Polícia do Senado. O senhor está detido pela presidência da CPI", afirmou Aziz.
O presidente da CPI continuou: "Não aceito que a CPI vire chacota. Nós temos 527 mil mortos, e os caras brincando de comprar vacina! Porque ele não teve esse empenho para comprar a [vacina da] Pfizer, que era de responsabilidade dele na época. Ele está preso por mentir, por perjúrio", declarou o parlamentar, citado pelo portal R7.
Após a decisão, alguns senadores tentaram reverter a situação alegando que outros depoentes também mentiram à comissão e não foram presos.
Essa foi a primeira vez que Aziz pediu a prisão de um depoente durante os trabalhos da CPI. O presidente da comissão já havia sido pressionado por senadores a prender outros dois convocados: o ex-secretário Especial de Comunicação Social da Presidência da República, Fabio Wajngarten, e o representante Luiz Dominghetti.
"Ele vai estar detido agora pelo Brasil, pelas vítimas sequeladas. Ele está preso e se eu estiver errado posso ser processado. Ele que recorra na Justiça, mas ele está preso e a sessão está encerrada. Podem levar!", finalizou.
Suposto caso de propina
O senador Omar Aziz usou como base para o pedido de prisão a contradição entre áudios do celular de Paulo Dominghetti, policial militar e representante da Davati Medical Supply, que denunciou Dias por pedir propina pela compra de 400 milhões de doses da AstraZeneca.
Dias afirmou aos senadores repetidas vezes que seu encontro com Dominghetti em fevereiro deste ano, onde teria ocorrido a proposta de propina, teria ocorrido por coincidência. "Não era um jantar com fornecedor, era um jantar com um amigo", disse.
Todavia, o presidente da CPI rebateu Dias com áudios e mensagens registrados no celular de Dominghetti que colocam em xeque a versão do ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde.