Primeiro-ministro do Haiti declara estado de emergência após assassinato do presidente Jovenel Moïse

Decisão foi anunciada nesta quarta-feira (7) horas após a morte do presidente Jovenel Moïse, que teria sido assassinado em casa por um grupo de indivíduos não identificados.
Sputnik

O primeiro-ministro interino do Haiti, Claude Joseph, comunicou nesta quarta-feira (7) que um grupo de pessoas não identificadas atacaram a residência privada do presidente do Haiti, que foi baleado mortalmente. A primeira-dama também foi ferida, tendo sido internada. Claude Joseph acrescentou que os assassinos de Jovenel Moïse falavam inglês e espanhol.

"Em estrita aplicação do artigo 149 da Constituição, acabo de presidir uma reunião extraordinária do Conselho de Ministros e decidimos declarar o estado de sítio em todo o país", disse o primeiro-ministro, citado pela agência AFP.

Claude Joseph caracterizou o ataque "hediondo, desumano e bárbaro" e apelou à calma.

"A situação de segurança no país está sob o controle da Polícia Nacional Haitiana e das Forças Armadas Haitianas. Todas as medidas estão sendo tomadas para garantir a continuidade do Estado e para proteger a Nação", lê-se no comunicado divulgado nesta quarta-feira (7).

Primeiro-ministro do Haiti declara estado de emergência após assassinato do presidente Jovenel Moïse

Perplexidade ao redor do mundo

O Conselho de Segurança da ONU está chocado com o assassinato, disse a representante permanente da Irlanda nas Nações Unidas, Geraldine Byrne Nason, nesta quarta-feira (7). "É muito, muito triste ver o presidente do Haiti assassinado", disse Byrne Nason.

O secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, condenou o assassinato e pediu que os responsáveis fossem levados à justiça. "O secretário-geral apela a todos os haitianos para que preservem a ordem constitucional, permaneçam unidos em face deste ato abominável e rejeitem toda a violência [...]. As Nações Unidas continuarão a apoiar o governo e o povo do Haiti", disse o porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric, segundo a agência Reuters.

O presidente colombiano, Iván Duque, citado pela agência AP, condenou o que chamou de "ato covarde" e expressou solidariedade ao Haiti. Ele pediu uma missão urgente da Organização dos Estados Americanos (OEA) "para proteger a ordem democrática".

A OEA, por sua vez, condenou "nos mais veementes termos o assassinato do presidente do Haiti", afirmando que o ataque "é uma afronta a toda a comunidade de nações democráticas representadas na OEA".

"Deploramos veementemente esta tentativa de minar a estabilidade institucional do país [...]. Rechaçamos este ato abjeto. Os desacordo e dissidência fazem parte de um sistema de governo forte e vigoroso. Assassinatos políticos não têm lugar em uma democracia. Chamamos ao fim de uma política irresponsável que ameaça inviabilizar os avanços democráticos e o futuro do país", acrescentou a organização em uma nota divulgada nesta quarta-feira (7).

O chefe de política externa da União Europeia, Josep Borrell, declarou que está "chocado" com o crime.

​Chocado com o assassinato do presidente haitiano Jovenel Moïse. Tivemos um encontro em um fórum diplomático há apenas três semanas. Este crime representa um risco de instabilidade e uma espiral de violência. Os autores deste assassinato devem ser encontrados e levados à justiça.

A Casa Branca descreveu o ataque como "horrível" e "trágico". A secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, acrescentou que os EUA estão preparados para ajudar o Haiti em momentos de necessidade.

"É um crime horrível, e sentimos muito pela perda que [o povo do Haiti] está sofrendo e passando ao acordarem esta manhã e ouvindo esta notícia [...]. E nós estamos prontos e ao seu lado para fornecer qualquer assistência que seja necessária", afirmou Psaki, citada pela emissora CNN. O presidente dos EUA, Joe Biden, por sua vez, chamou a situação no Haiti de muito preocupante e disse que mais informações eram necessárias sobre a morte do presidente do país.

Jovenel Moïse, 53 anos, era o 42º presidente do Haiti e tinha tomado posse em 2017. Moïse já havia sido alvo de outros ataques. O último ocorreu em fevereiro, quando as forças de segurança do país impediram uma tentativa de golpe de Estado e assassínio do presidente.

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