Durante as escavações arqueológicas e trabalhos de renovação da muralha islâmica de Valência, um grupo de pesquisadores descobriu uma série de enterramentos de crianças que datam do século XIII, a cerca de 15 metros da abóbada superior do fosso da muralha.
Além disso, foram achadas seções do pavimento original do século XI, correspondente à época da construção da muralha, indicaram as autoridades locais em comunicado.
Segundo Gloria Tello, diretora da Delegação do Património e Recursos Culturais de Valência, as evidências arqueológicas sugerem que as crianças foram sepultadas no século XIII, durante o último período de ocupação muçulmana, quando a antiga capital da Taifa (reino) de Valência estava sitiada pelas tropas de Jaime I de Aragão.
"Como não podiam sair para enterrar os mortos fora da cidade, aproveitavam esta zona protegida entre a muralha e a barbacã [muro interior] para realizar estes enterramentos de crianças. Trata-se de uma descoberta inesperada, mas que é interessantíssima", explicou Tello.
Foram desenterrados cerca de 15 metros da cobertura superior do fosso da muralha, que se converteu em um canal coletor de águas residuais após a cidade ter sido conquistada.
Além disso, durante os trabalhos de escavação foi encontrada uma seção do pavimento original do século XI que coincide com a época de construção da muralha durante o reinado de Abd al-Aziz ibn Amir, entre 1021 e 1061.
Os reinos taifas foram os principados que apareceram após a fragmentação do califado de Córdova na Espanha muçulmana no século XI, fruto de dissenções internas.