Os pesquisadores analisaram as sequências do genoma inteiro de 110 Cannabis sativa para descobrir onde as plantas têm suas raízes.
A pesquisa, cujos resultados foram publicados na revista Science Advances na sexta-feira (16), revelou que a maconha emergiu na China no período Neolítico.
Apesar de, por longo tempo, a planta ter sido uma fonte importante de fibra, bem como drogas medicinais e recreativas, muito permanece desconhecido sobre a história da domesticação da cannabis.
Isso ocorreu porque restrições legais em torno da planta tornam difícil a coleta de amostras para análise, explicou a equipe no artigo.
"Nós mostramos que Cannabis sativa foi pela primeira vez domesticada no início do Neolítico na Ásia Oriental, e que todas as atuais culturas de cânhamo e drogas divergiram de um conjunto genético ancestral atualmente representado por plantas selvagens e raças terrestres na China", escreveram os cientistas na publicação.
Além disso, os pesquisadores identificaram certos genes que podem ter sido muito bem selecionados durante o cultivo da maconha. Esses incluem genes relacionados à formação de ramos, tempo de floração, biossíntese e potência de canabinoides.
Esses genes distinguem as variedades atuais utilizadas para o cânhamo das utilizadas para a fabricação de drogas – o que, de acordo com a análise genética, divergiram há cerca de 4.000 anos.
As variedades de cânhamo foram cultivadas para crescer altas e não ramificadas, com muita fibra, enquanto cepas de drogas mais curtas e ramificadas foram selecionadas para gerar mais resina com efeitos psicoativos.
"Nosso estudo [...] fornece novas percepções sobre a domesticação e disseminação global de uma planta com produtos estruturais e bioquímicos divergentes em um momento em que há um ressurgimento de interesse na sua utilização", escreveram os autores da pesquisa.
Esse interesse, adicionam os autores, "reflete mudança de atitudes sociais e desafios correspondentes a seu status jurídico em muitos países".