Falando para repórteres nesta quarta-feira (21), o presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani, lamentou o fato de que, apesar de o governo ter libertado 5.000 prisioneiros do Talibã em 2020, o grupo militante até agora não estava pronto para negociações significativas e "não tem vontade de paz".
"Enviamos a delegação para fazer o ultimato e mostrar que temos vontade de paz e estamos prontos para nos sacrificarmos por ela, mas eles [o Talibã] não têm vontade de paz e devemos tomar decisões com base nisso", disse Ghani.
Entretanto, Suhail Shaheen, porta-voz do escritório político do Talibã em Doha, disse que o grupo está buscando uma "solução pacífica" e quer ter um "governo islâmico inclusivo no Afeganistão".
O país afegão vem testemunhando um aumento crescente na tomada de seu território pelo grupo terrorista à medida que as tropas dos EUA e da OTAN estão deixando o local. A saída das tropas foi um dos pontos de acordo que o Talibã e os Estados Unidos chegaram em Doha, em fevereiro de 2020.
Segundo Jonuel Gonçalves, professor de Relações Internacionais da UFF, entrevistado pela Sputnik Brasil, parte do êxito do Talibã em tomar regiões no país acontece porque o grupo tem forte apoio popular, pois a população acredita que outras forças, como as democráticas e até mesmo o governo afegão, negam os princípios fundamentais do islamismo e enxergam no grupo a chance de se manter esses princípios.
"Sem a influência da intervenção que combatia o Talibã [EUA e OTAN] e o apoio popular ao grupo, pode ser um grande desafio para o governo afegão e as forças nacionais estabelecerem uma unidade de governo na região, o que ajudaria em um colapso no local", disse o especialista.
Confira aqui um infográfico mostrando o avanço do Talibã no país.