No século XX, grande parte do trabalho arqueológico na região foi realizado por Ernesto Canal, que na década de 1960 liderou as primeiras investigações sobre os antigos habitantes da área.
Em algum momento, o arqueólogo sugeriu que, sob a superfície da lagoa, havia antigas estruturas feitas pelos homens, inclusive rodovias.
Esta hipótese gerou décadas de debate na comunidade científica, porém jamais foi confirmada por falta de uma tecnologia suficientemente avançada para explorar o desafiante local.
Rodovia romana é descoberta em lagoa de Veneza.
Contudo, um grupo de investigadores descobriu uma antiga estrada, submersa na lagoa da famosa cidade italiana, em uma área que havia sido acessível por terra há 2.000 anos, durante a época romana. A descoberta foi relatada na revista Scientific Reports.
Fantina Madricardo, do Instituto de Ciências Marinhas de Veneza, fez a descoberta juntamente com seus colegas depois de mapear o fundo do canal Treporti. Ela acredita que a estrada "fazia parte da rede de vias romanas no nordeste da zona de Veneza".
De acordo com Madricardo, para os mergulhadores, esta área é muito difícil de investigar porque há fortes correntes e a água em geral é muito turva.
Por isso, a equipe utilizou uma sonda náutica, instalada em um barco, para obter uma imagem do que há no fundo. O dispositivo envia ondas acústicas que atingem o leito da lagoa, o que permite reconstruir imagens de qualquer estrutura encontrada no local.
Nova evidência de uma rodovia romana na lagoa de Veneza (Itália) baseada na reconstrução do fundo do mar em alta resolução.
Em 2020, a polícia de Veneza realizou imersões para investigar o que foi detectado pela equipe arqueológica, e descobriu que algumas das estruturas lineares eram formadas por pedras similares aos "basoli" romanos, ou seja, blocos, indicando que as estruturas eram pavimentadas, ou seja, formavam uma estrada.
Os investigadores encontraram 12 estruturas, de até 2,7 metros de altura e 52,7 metros de largura, que se estendiam por 1.140 metros em direção sudoeste-nordeste e configuravam uma estrada.
A presença e o projeto destas construções sugerem que pode ter existido um assentamento na área, que ficou submerso há aproximadamente 2.000 anos, em parte devido às atividades humanas, que desviaram o curso dos rios e privaram a área dos sedimentos necessários para mantê-la acima da superfície aquática.