Habitantes de vila na Itália tinham anticorpos 9 meses após primeiras infecções, indica estudo

Cientistas da Itália e Reino Unido examinaram a evolução epidemiológica na vila italiana de Vo', descobrindo uma baixa perda de anticorpos gerados desde o período de disseminação da COVID-19.
Sputnik

Uma vila na Itália demonstrou a possibilidade de anticorpos permanecerem ativos em pessoas pelo menos nove meses depois de surgirem, segundo cientistas da Universidade de Pádua, Itália, e do Colégio Imperial de Londres, Reino Unido.

Com a disseminação mundial do SARS-CoV-2 no início de 2020, a Itália se tornou o primeiro país fora da Ásia a detectar casos em fevereiro, incluindo na localidade de Vo', no norte de Itália.

Para combater o novo coronavírus, o prefeito, que era ao mesmo tempo o farmacêutico da vila, ordenou um duro confinamento, fecho de estradas e saídas, inclusive empenhando soldados, e mandou testar todos os 3.270 habitantes locais em fevereiro e março de 2020.

Após serem testadas novamente em maio de 2020, cerca de 3,5% das pessoas revelaram terem estado infectadas previamente, indica o estudo publicado na revista Nature Communications.

Uma série de novos testes em novembro de 2020 revelou que 98,8% dos que testaram positivo em maio continuavam reagindo a pelo menos um tipo de antígeno.

"Não encontramos evidências de que os níveis de anticorpos entre infecções sintomáticas e assintomáticas diferem significativamente, sugerindo que a força da resposta imunológica não depende dos sintomas e da gravidade da infecção", disse Ilaria Dorigatti, do Colégio Imperial de Londres, Reino Unido, e autora principal do estudo, em comunicado da instituição.

Tendo em conta que na época as infecções decorriam com a variante original do coronavírus, 20% das pessoas infectadas transmitiram 79% de todos os casos, um rácio bastante inferior à reprodução de três, estimado por cientistas em situações em que não há tentativas de parar a transmissão, tratando-se assim de um resultado surpreendente.

"No entanto, nosso estudo mostra que os níveis de anticorpos variam, às vezes de forma acentuada, dependendo do teste utilizado. Isto significa que é preciso ter cuidado ao comparar estimativas de níveis de infecção em uma população obtidas em diferentes partes do mundo com testes diferentes e em momentos diferentes", adverte Dorigatti.

A equipe de pesquisadores adverte, portanto, que a recente disseminação de variantes mais transmissíveis e severas do vírus "reforça a urgência de melhorar as estratégias de controle, incluindo testes generalizados e rastreamento digital de contato, para manter a incidência do SARS-CoV-2 em níveis baixos globalmente".

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