Paleontólogos na Argentina encontraram os restos de um morcego-vampiro gigante que viveu há cerca de 100.000 anos, relata o Museu de Ciências Naturais de Miramar local.
Enrico de Lazaro: Fóssil de 100.000 anos de idade de morcego-vampiro gigante encontrado na Argentina
A descoberta foi feita perto da cidade de Miramar, na província de Buenos Aires, dentro da toca de uma preguiça-gigante, em sedimentos que datam do período Pleistoceno.
O fóssil, que consiste em um ramo mandibular, pertencia a um exemplar da espécie Desmodus draculae, que foi encontrado pela primeira vez na Venezuela em 1988. Seu nome refere-se a Drácula, personagem fantasmagórica fictícia criada pelo escritor irlandês Bram Stoker (1847-1912).
Os espécimes descobertos viviam durante o Quaternário das Américas (que se iniciou há 2,59 milhões de anos), e eram maiores que o vampiro comum, o Desmodus rotundus, com uma envergadura de asa de até 50 cm e uma massa corporal de 60 g, tornando-o o maior morcego-vampiro conhecido de todos os tempos, escreve na segunda-feira (26) o portal Sci-News.
"O fóssil de um morcego-vampiro gigante de 100.000 anos foi encontrado na Argentina". É uma espécie ligeiramente mais velha do que o morcego-vampiro de hoje.
Os morcegos-vampiros são mamíferos que vivem apenas nas Américas, e são conhecidos por se alimentarem do sangue de outros animais.
"Eles são a única família de morcegos no mundo a despertar a curiosidade com base nas lendas da Transilvânia e seu assustador conde Drácula", explicou Mariano Magnussen, do Laboratório Paleontológico do Museu de Ciências Naturais de Miramar, e pesquisador da Fundação Azara, onde o novo espécime é mantido. O estudo foi publicado na revista Ameghiniana.
"Mas na realidade são animais pacíficos que se alimentam do sangue de animais, e às vezes humanos, por alguns minutos, sem causar qualquer desconforto, tanto que suas falsas vítimas nem sequer o sentem", diz.
No entanto, o especialista advertiu que a mordida de um desses morcegos pode transmitir raiva ou outras doenças se eles estiverem infectados.
Segundo o Museu de Ciências Naturais Miramar, outro detalhe importante da descoberta desta mandíbula é que ela fornece dados paleoambientais e paleoclimáticos sobre o Pleistoceno Superior, já que o Desmodus rotundus está atualmente 400 quilômetros ao norte da localização do morcego-vampiro de Miramar. Isso indicaria condições ambientais no arroio La Ballenera diferentes das de hoje.
Desmodus draculae foi o último dos grandes mamíferos voadores, que se extinguiu durante a época colonial, por volta de 1820. Pensa-se que isso tenha sido causado pela chamada Pequena Era Glacial, um período frio do início do século XIV até meados do século XIX.