Harakat Hezbollah al-Nujaba, um grupo paramilitar xiita que faz parte das milícias das Unidades de Mobilização Popular (PMU, na sigla em inglês) do Iraque, aliadas ao governo de Bagdá, expressou insatisfação com o acordo Iraque-EUA sobre a retirada das tropas, e insistiu que todas as forças norte-americanas devem deixar o país, incluindo todos os componentes de sua Força Aérea.
"Não temos confiança alguma nos norte-americanos, e não concordamos com sua presença em nenhuma circunstância. Nós nos opomos ferozmente à presença militar norte-americana, e exigimos uma retirada completa de suas forças", disse na segunda-feira (26) à noite Nasr al-Shammari, porta-voz da milícia, à emissora libanesa Al Mayadeen.
A retirada incluiria a Força Aérea "criminosa" dos EUA, que controla o espaço aéreo do Iraque, disse o porta-voz, culpando o poder aéreo de Washington por uma série de crimes que ele disse terem sido cometidos dentro do país.
"Os crimes dos militares dos EUA no Iraque, especialmente o assassinato do [comandante iraniano da Força Quds] Qassem Soleimani e do [vice-chefe das PMU] Abu Mahdi al-Muhandis, foram cometidos por sua Força Aérea", lembrou o porta-voz, em referência ao assassinato dos dois oficiais militares em janeiro de 2020, que levou Teerã e Washington à beira da guerra, e fez o Parlamento iraquiano exigir a retirada imediata de todas as forças dos EUA.
Al-Shammari afirmou ainda que os EUA nada fizeram para impedir a ascensão do Daesh (organização terrorista, proibida na Rússia e em vários outros países), que o Al-Nujaba e outros membros das PMU combateram entre 2014 e 2017, e que o governo norte-americano não desempenhou um papel real na derrota dos terroristas.
O porta-voz se queixou também que atualmente algumas facções dentro do Iraque estão procurando usar a presença das tropas norte-americanas para se apoiarem.
"Quem pode garantir que as forças norte-americanas no Iraque não serão reforçadas sendo chamadas de 'conselheiros'?", perguntou ele, e advertiu que serão atacadas independentemente da designação que tiverem.
Al-Shammari sublinhou, por fim, que a maioria do Parlamento iraquiano, representando grande parte dos iraquianos, votou a favor da expulsão das forças de Washington.
Relações Iraque-EUA
Além de lutar contra o Daesh, Harakat Hezbollah al-Nujaba participou da guerra na Síria, ajudando o governo de Damasco em sua campanha contra uma ampla gama de militantes jihadistas, e sinalizou sua vontade de lutar no Iêmen luta contra a coalizão liderada pela Arábia Saudita.
O Al-Nujaba foi uma das milícias alvo nos primeiros meses da administração norte-americana de Joe Biden em seus ataques no Iraque e na Síria. O grupo acusou os EUA, no final de 2020, de usar helicópteros para transportar comandantes do Daesh desde a Síria ao Iraque.
Joe Biden e Mustafa Al-Kadhimi, primeiro-ministro do Iraque, assinaram na segunda-feira (26) um acordo que estipula o fim da missão de Washington no país do Oriente Médio, com o qual "a relação de segurança mudará completamente para um papel de treinamento, assessoria, assistência e compartilhamento de inteligência".