EUA temem que subida de tensões com Irã coloque em risco negociações do acordo nuclear, afirma mídia

Autoridades norte-americanas e europeias temem que se aproxime rapidamente o momento em que o conhecimento nuclear do Irã avance até um ponto em que o retorno ao JCPOA não faça mais sentido para a República Islâmica.
Sputnik

O governo do presidente norte-americano Joe Biden trabalha com a possibilidade de que não seja possível voltar ao acordo nuclear com o Irã, já que a República Islâmica encontrou maneiras de lidar com as sanções dos EUA e continua tentando construir uma bomba nuclear, reporta a agência Bloomberg nesta segunda-feira (9).

As autoridades norte-americanas estão revisando suas opções depois que meses sem avanço nas negociações para que os EUA voltem ao Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA, na sigla em inglês). Embora ainda exijam um rápido retorno ao pacto nuclear como um caminho para um acordo "mais longo e mais forte", os EUA estão dispostos a pesar alternativas, incluindo a etapa provisória de alívio de sanções limitadas em troca de o Irã congelar seu trabalho de proliferação, relatam fontes ligadas ao governo Biden à mídia.

Essa perspectiva é em parte uma resposta ao aumento das tensões com a eleição e a posse do novo presidente linha-dura do Irã, Ebrahim Raisi e uma série de incidentes provocativos, incluindo ataques de foguetes contra Israel por militantes do Hezbollah apoiados pelo Irã e o ataque a um petroleiro israelense na costa de Omã. Irã negou responsabilidade pelo ataque ao navio-tanque, que matou um romeno e um britânico.

"Isso nunca seria fácil, mas a esperança era de que ambos os lados calculariam que a restauração do acordo ainda seria a opção menos custosa [...]. Mas ambos os lados são os culpados por desperdiçar esta oportunidade de ouro", afirma Ali Vaez, analista iraniano do think tank Crisis Group.
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Prioridade de Biden

Não retornar ao JCPOA representaria um revés significativo para o presidente Biden, que classificou a retomada do acordo nuclear como uma das principais prioridades da política externa norte-americana. Desde que Biden assumiu, em janeiro, já ocorreram seis rodadas de negociações com o Irã em Viena, com poucos avanços. Não há data marcada para o sétimo encontro.

"Instamos o Irã a retornar às negociações em breve para que possamos concluir nosso trabalho [...]. A oportunidade de alcançar um retorno mútuo em conformidade com o JCPOA não durará para sempre", alertou o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Ned Price, na semana passada.

O JCPOA foi assinado em 2015 pela Alemanha, China, EUA, França, Irã, Reino Unido, Rússia, e União Europeia, com o objetivo de restringir o programa nuclear iraniano em troca de alívio de sanções à República Islâmica, e foi aderido pela então administração norte-americana de Barack Obama (2009-2017), mas abandonado por Donald Trump (2017-2021) em 2018, que reimpôs sanções ao país persa.

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De acordo com a mídia, autoridades norte-americanas e europeias temem que se aproxima rapidamente o momento em que o conhecimento nuclear do Irã avançará ao ponto em que o retorno ao JCPOA não fará mais sentido para Teerã, uma vez que o acordo foi estruturado para manter o Irã longe de desenvolver uma arma nuclear. Teerã há muito diz que não tem intenção em ter uma bomba atômica.

Ainda mais frustrante para o governo Biden, afirma a Bloomberg, é o fato de Washington estar voando às cegas sobre as atuais intenções do Irã. Os norte-americanos acreditavam que era possível chegar a um acordo antes de Raisi chegar ao poder, mas isso não aconteceu. Agora, as autoridades dos EUA acreditam que o atual governo iraniano ainda não decidiu qual caminho seguir.

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