China diz que não comprometerá soberania após EUA confirmarem Taiwan em 'Cúpula para a Democracia'

Washington anunciou que Taipé estará em um evento que reunirá "líderes de um grupo diversificado de democracias do mundo". Pequim diz que isso deteriorará as relações entre China e EUA.
Sputnik

Taiwan planeja participar da Cúpula para a Democracia de Joe Biden, presidente dos EUA, de 9 e 10 de dezembro de 2021, e continua as negociações com a Casa Branca sobre o assunto, disse na quinta-feira (12) Regine Chen, vice-diretora do departamento de Assuntos Norte-Americanos do Ministério das Relações Exteriores da ilha, em uma coletiva de imprensa em Taipé.

Ainda não foi enviada nenhuma lista formal de convites, mas o secretário de Estado norte-americano Antony Blinken prometeu em março que Taiwan seria convidado a participar, elogiando a ilha e sua "democracia vibrante", status como um importante centro tecnológico, e "um país que pode contribuir para o mundo, não apenas para seu próprio povo".

Os temas da cúpula, que devem incluir "líderes de um grupo diversificado de democracias do mundo", estão definidos como "defesa contra o autoritarismo, combate à corrupção e promoção do respeito aos direitos humanos". É planejado que seja realizada uma segunda reunião presencial um ano depois desta primeira edição.

Resposta da China

Lu Xiang, pesquisador sênior das relações sino-americanas na Academia de Ciências Sociais da China, disse que haveria "consequências sem precedentes" se Tsai Ing-wen, presidente de Taiwan, fosse à cúpula.

"Eu acho que isto definitivamente cruzaria a linha de fundo da China, e o governo chinês nunca toleraria isto", comentou ele, citado na sexta-feira (13) pelo jornal South China Morning Post (SCMP).

"Acredito que a situação, se isso acontecesse, seria muito pior do que a Crise do Estreito de Taiwan de 1996".

Zhu Feng, diretor do Instituto de Estudos Internacionais da Universidade de Nanjing, China, notou que enquanto o Ocidente quer tornar Taiwan em uma questão de direitos humanos e liberdade, Qin Gang, embaixador chinês, transmitiu uma mensagem de soberania "que a China nunca comprometeria", uma posição compartilhada por Pang Zhongying, especialista em relações internacionais da Universidade do Oceano da China.

"Se Biden avançar nesse caminho, há poucas chances de os dois países [China e EUA] repararem os laços bilaterais este ano", afirmou.

A China não considera Taiwan um "país", apontando o reconhecimento não repudiado da política oficial de Uma Só China iniciada tanto pelos EUA como a ONU nos anos 1970, e a fraca representação internacional de Taipé. Por causa disso, Pequim rejeita os laços construídos pelos países ocidentais com o território.

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