Na última terça-feira (10), o vice-presidente, general Hamilton Mourão, e o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, tiveram uma reunião reservada, no mesmo dia em que tanques fizeram um desfile na Praça dos Três Poderes, evento no qual Mourão não participou, segundo o Estadão.
De acordo com a mídia, a conversa aconteceu na casa de Barroso, que convidou o general para o encontro. Preocupado com o risco de ruptura institucional, o ministro queria saber se as Forças Armadas embarcariam em uma aventura golpista promovida pelo presidente Jair Bolsonaro.
A reunião não constava na agenda oficial e foi cercada de sigilo. O vice teria dito que tinha "um compromisso" e se ausentou do Palácio do Planalto na hora do desfile bélico.
Ainda segundo a mídia, Mourão respondeu que as Forças Armadas não apoiavam qualquer golpe e ninguém impediria as eleições em 2022, dizendo que a possibilidade disso acontecer "era zero".
O presidente, Jair Bolsonaro, atribuiu a primeira derrota da proposta da PEC voto impresso, quando ainda estava na comissão especial da Câmara, antes da votação principal na terça-feira (10) a uma "interferência indevida" de Barroso, que conversou com dirigentes dos partidos.
Desde que o presidente subiu o tom e começou a vincular a realização das eleições de 2022 a mudanças no modelo de urna eletrônica, Mourão tem sido procurado por políticos e empresários para saber o que significam essas declarações, de acordo com a mídia.
A conversa relatada pelo jornal entre Barroso e Mourão é mais um episódio de um dia marcado pela crescente tensão em Brasília.