O ministro da Defesa israelense, Benny Gantz, aprovou a construção de mil novas unidades de habitação para os palestinos que vivem na área C da Cisjordânia, e tal decisão já está provocando contestação.
Vários políticos conservadores já se mostraram desfavoráveis à nova medida, com alguns chamando isso de "um presente para os palestinos" que pretende manter o atual governo no poder, enquanto outros a classificam "um desastre", acrescentando que isso permitirá aos palestinos ocuparem a área disputada.
Medida no caminho certo?
Oded Revivi, prefeito de Efrat, um assentamento israelense localizado na área C da Cisjordânia, por sua vez, acredita que a decisão de Gantz é "um passo positivo e correto".
Revivi explica que seu apoio à decisão do ministro da Defesa provém de dois fatores principais: em primeiro lugar, a crença de que Israel tem o direito de estender sua soberania sobre a área C na região que, de acordo com os Acordos de Oslo II de 1995, deveria estar sob plena jurisdição israelense; em segundo lugar, é o desejo de assegurar que os palestinos, representando 300 mil dos 700 mil habitantes da área, não continuem com construções ilegais, impedindo assim o estabelecimento gradual do controle na zona em causa.
"Se alguém quiser controlar a área C, se quiser impedir a construção ilegal, deve também explicar onde a construção é permitida e onde é possível, mesmo que se trate de construção palestina. Caso contrário, [os palestinos] construirão em todo o lugar sempre que tenham oportunidade, uma vez que não recebem respostas", explicou o prefeito israelense.
Contudo, a construção de mil habitações legais para os cidadãos palestinos da área poderá ajudar a mudar radicalmente essa realidade.
De acordo com os primeiros Acordos de Oslo, a área C, considerada crucial para a economia da região, deveria ser gradualmente transferida para os palestinos, mas tal nunca aconteceu. Por essa razão, os palestinos afirmam que Israel, na verdade, nunca teve qualquer intenção de avançar com a transferência, tendo encontrado razões para não deixar o povo palestino estabelecer seu próprio Estado independente.
Qual o provável futuro político?
Se a decisão atual de Gantz se tornar uma medida política, ela poderá, de fato, ajudar a acabar com a construção ilegal na área, mas Revivi duvida que isso contribua para uma melhoria de relações entre israelenses e palestinos.
De igual modo, o prefeito também não tem certeza sobre como isso terá impacto no futuro político do primeiro-ministro Naftali Bennett e de seu governo de coligação instável.