A Casa Branca negou na quinta-feira (19) as palavras de Joe Biden, presidente dos EUA, após uma entrevista na qual ele insinuou que os EUA participariam de uma hipotética defesa de Taiwan.
A "política americana em relação a Taiwan não mudou", disse um funcionário sênior, citado na quinta-feira (19) pela agência britânica Reuters, em referência à política nacional de manter apenas laços não oficiais entre Washington e Taipé, também conhecida como "ambiguidade estratégica", depois que os EUA passaram a reconhecer a República Popular da China como a única verdadeira China em 1979.
"Há uma diferença fundamental entre eles – entre Taiwan, Coreia do Sul, OTAN [e Afeganistão]. Estamos em uma situação em que eles estão – entidades com as quais fizemos acordos baseados não em uma guerra civil que eles estão tendo naquela ilha ou na Coreia do Sul, mas em um acordo onde eles têm um governo de unidade, que, de fato, está tentando evitar que os maus façam coisas ruins a eles", disse Biden, falando na quinta-feira (19) à emissora ABC News.
"Nós fizemos isso, mantivemos todos os compromissos. Assumimos um compromisso sagrado com o Artigo 5º que, se de fato alguém invadisse ou tomasse medidas contra nossos aliados da OTAN, nós responderíamos. O mesmo com o Japão, o mesmo com a Coreia do Sul, o mesmo com – Taiwan", sublinhou o presidente norte-americano.
Resposta de Pequim
A mídia da China, por sua vez, criticou Biden por seus comentários, com o jornal Global Times emitindo na sexta-feira (20) um editorial acusando o presidente de "palavras vazias e imprudentes" sobre Taiwan após o "embaraço" dos EUA no Afeganistão.
"Gaguejando ao falar sobre a questão de Taiwan, Biden era como um tonto, e duvidamos que ele soubesse exatamente do que estava falando. Nenhum alto funcionário no cargo nos EUA fez comentários como o que Biden disse. Biden perdeu a face por causa da situação no Afeganistão [...] Ele estava tão ansioso e embaraçado por salvar a face para si mesmo que falou imprudentemente, sem pensar", sugeriu o Global Times.
O jornal advertiu que, se a administração Biden não se afastasse das reivindicações do presidente de "passar da 'ambiguidade estratégica' para uma declaração clara de sua defesa de Taiwan, então terá que se preparar para tempestades muito maiores no estreito [de Taiwan]".
A mídia advertiu que a China "nunca aceitaria a ameaça de Biden", apontou a "forte capacidade militar e resolução nacional" do país relativamente à questão de Taiwan e deu um novo aviso aos "secessionistas" em Taipé para não seguirem a política de Washington.
O governo da China vê Taiwan como uma parte integrante do território de seu país que um dia se unirá à República Popular da China.