China e Irã dão seu apoio a Afeganistão após EUA congelarem bens no valor de US$ 9 bilhões

O ex-governador do Banco Central afegão, agora em fuga, alertou para os riscos de inflação, inclusive nos produtos alimentícios, e para a desvalorização da moeda.
Sputnik

O país viu cerca de US$ 9 bilhões (cerca de R$ 48,2 bilhões) em ativos estrangeiros congelados, bem como a suspensão de pagamentos em dólares pelos EUA. Tal decisão foi tomada por Washington após o Talibã (organização terrorista proibida na Rússia e em outros países) ter tomado o poder em Cabul.

Ajmal Ahmady, o governador do Banco Central afegão (também conhecido como DAB, na sigla em inglês) que fugiu do país após a chegada do grupo insurgente, diz que o Banco Federal de Reserva dos EUA possui quase US$ 7 bilhões (aproximadamente R$ 37,5 bilhões) do total das reservas afegãs no exterior, incluindo US$ 3,1 bilhões (cerca de R$ 16,5 bilhões) em contas e títulos dos EUA, e em contas de ouro e dinheiro.

Cerca de US$ 700 milhões (aproximadamente R$ 3,7 bilhões) dos fundos do DAB são mantidos no Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês), com sede na Suíça, que é conhecido como o banqueiro dos bancos centrais do mundo. As reservas internacionais do Afeganistão são mantidas em outras contas bancárias.

Segundo Ahmady, o Talibã tem acesso apenas a 0,1% - 0,2% dos fundos mencionados.
China e Irã dão seu apoio a Afeganistão após EUA congelarem bens no valor de US$ 9 bilhões

Sabendo isso, ante o congelamento dos ativos estrangeiros de Cabul no Banco Federal de Reserva em Nova York e em outras instituições financeiras, a China disse "estar pronta" para continuar seu papel ativo nos esforços de reconstrução do Afeganistão.

"A China segue sempre uma política amigável em relação a todo o povo afegão. Por muito tempo, a China tem fornecido bastante assistência ao desenvolvimento econômico e social no Afeganistão", disse Wang Wenbin, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, em uma reunião na segunda-feira (23).

O alto funcionário chinês também lançou críticas aos EUA por não terem honrado seu "compromisso de ajudar o Afeganistão em áreas que incluem o desenvolvimento, a reconstrução e a ajuda humanitária".

Nesse sentido, Pequim e Islamabad há muito que apoiam a ideia de estender para o Afeganistão o Corredor Econômico China-Paquistão (CPEC, na sigla em inglês), projeto de US$ 62 bilhões (cerca de R$ 330) que promove a conectividade desde a província chinesa de Xinjiang até a cidade portuária paquistanesa de Gwadar, no mar Arábico.

Após a tomada de poder de Cabul pelo Talibã, em 15 de agosto, o ministro das Relações Exteriores do Paquistão, Shah Mahmood Qureshi e seu homólogo chinês reafirmaram que continuariam "cooperando" no Afeganistão, conforme a transcrição oficial de uma chamada telefônica entre os dois diplomatas em 18 de agosto.
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O Talibã, cuja liderança política foi recebida em julho pelo ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, disse que agradecia o apoio de Pequim.

Enquanto isso, a agência Reuters informou, na segunda-feira (23), que o Irã retomou suas exportações de combustível para o Afeganistão, após um pedido do novo governo (talibã) do país.

Em 6 de agosto, o Irã, que é um dos maiores parceiros comerciais do Afeganistão, tinha suspendido suas exportações para Cabul devido à deterioração da situação de segurança.

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