Os talibãs declaram à comunidade internacional e aos afegãos que o Afeganistão não se tornará uma plataforma para quaisquer operações que possam ameaçar qualquer outro país.
No que diz respeito à confirmação de tais declarações na prática, Mohammad Naim relembra que os talibãs anunciaram a anistia geral para os funcionários governamentais do Afeganistão. Além desse passo, eles conduziram negociações com autoridades americanas, alcançando o acordo sobre a retirada das tropas do país.
"Nossos objetivos principais e primeiros passos são o diálogo e a resolução pacífica de quaisquer problemas. Essa política tem mostrado sucesso. O processo de paz levou a que agora as pessoas estão reunidas e abandonaram as discordâncias."
O representante do movimento afirmou que a organização se esforça para "encontrar a fórmula de governo futuro" o mais rápido possível, uma vez que ninguém, de acordo com suas palavras, inclusive eles próprios, esperava que a tomada do poder acontecesse tão rápido. "Estamos ansiosos e fazendo o nosso melhor para encontrar a fórmula do futuro governo o mais rápido possível", disse.
Quanto ao tipo de governo, ele respondeu que ele vai incluir cidadãos comuns, "para que as pessoas sintam que o governo representa seus interesses". O objetivo principal é servir o povo, na base da sinceridade e sem discriminação, inclusive no que se refere aos direitos das mulheres.
Além disso, Mohammad Naim reiterou mais uma vez que o Talibã não aceita o adiamento da retirada das tropas dos EUA do solo afegão, já que a data acordada foi adiada pela administração Biden unilateralmente.
"Eles devem sair a tempo para que não haja novos problemas", avisou.
A posição da Rússia, por sua vez, é avaliada pelos talibãs de forma positiva: "A posição da Rússia é maioritariamente positiva, e esperamos que no futuro a Rússia também desempenhe um papel favorável na solução dos problemas existentes no Afeganistão. Nos encontramos várias vezes e realizamos conferências em Moscou para busca de soluções dos problemas afegãos".
O representante aponta que a situação mudou nos últimos 20 anos: naquele momento o país estava dividido e mesmo Cabul, apesar da pequena área, estava dividida entre seis organizações diferentes. A comunidade internacional não tem ajudado o povo afegão, "além de sanções e ameaças". Mas agora a situação mudou radicalmente, opina Naim.
"O Afeganistão se tornou uma casa em chamas. E é lógico que, primeiramente, é preciso unir o país e depois eliminar os problemas que foram criados pelas mãos dos aventureiros militares. Nós devemos resolver esses problemas".
Ele indicou dois principais problemas no Afeganistão. Primeiro, é a "ocupação", que terminou ou quase terminou. Segundo, é a guerra que dura há 40 anos, provocando misérias e desastres.
"Agora surgiu uma boa possibilidade, tanto dentro, como fora [do país] para estabelecer contato com países vizinhos e a comunidade internacional. É um momento muito oportuno para as partes internas e externas trabalharem juntas para levar o povo afegão a um porto seguro, para ajudar o povo afegão, para desempenhar um papel positivo no desenvolvimento do Afeganistão e na solução dos problemas do povo afegão", concluiu.