Irmão de ex-presidente Ghani afirma que Paquistão não tem dinheiro para 'controlar' Talibã

Há muito que o Paquistão se opõe à presença econômica e diplomática da Índia no Afeganistão. Agora, acredita-se que um governo em Cabul mais favorável a Islamabad dará ao Paquistão cerca de 2.300 quilômetros de profundidade estratégica em sua rivalidade com seu vizinho, a Índia.
Sputnik

Hashmat Ghani, irmão do ex-presidente afegão Ashraf Ghani, que abandonou o país após a conquista de Cabul pelo Talibã (organização terrorista proibida na Rússia e em outros países), disse em uma entrevista ao canal de notícias indiano CNN-News 18, que acredita que o Paquistão não tem dinheiro "para dar ordens ao Afeganistão" controlado pelos talibãs.

No entanto, Hashmat disse que os serviços secretos paquistaneses, Inter-Serviços de Inteligência (ISI), têm alguma influência significativa sobre a liderança do Talibã.

O irmão do ex-presidente Ghani também apontou que, se o governo indiano quiser agir contra o ISI, deve fazer isso "diretamente" ao invés de "usar o Afeganistão".

Nos últimos meses, o Paquistão tem acusado repetidamente a Índia de ser um "intruso" no processo interno de paz do Afeganistão, chegando a acusar Nova Deli de treinar terroristas para conduzirem ataques dentro do Paquistão.

Irmão de ex-presidente Ghani afirma que Paquistão não tem dinheiro para 'controlar' Talibã

Até o mês passado, o Talibã acusou a Índia de interferir nas conversações internas que estavam decorrendo no país da Ásia Central. Tal acusação teve sua origem no apoio contínuo de Nova Deli a um governo "democrático" no Afeganistão.

"É uma intervenção clara vinda de um determinado país que diz ao povo afegão que tipo de governo ele deve ter no futuro", rematou Suhail Shaheen, porta-voz do grupo insurgente.

Hashmat Ghani é, no momento, o líder da tribo Ahmadzai, o maior grupo étnico do país e, apesar de ter declarado que já "aceitou" a conquista talibã do Afeganistão, ele não vai se juntar ao grupo.

Desde que o país passou para o controle talibã, em 15 de agosto, as preocupações com sua situação continuam aumentando, especialmente no campo econômico, após os EUA terem congelado reservas estrangeiras afegãs no valor de US$ 9 bilhões (aproximadamente R$ 48,2 bilhões).

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