Em entrevista ao jornal O Globo, o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, afirmou que seu país defende o diálogo com Afeganistão sob comando do Talibã (organização terrorista proibida na Rússia e em diversos países), entretanto, Wanming disse o que Pequim espera do novo governo.
"A China espera que o Talibã possa estabelecer uma estrutura política aberta e tolerante com a participação de todos os segmentos da sociedade afegã, e políticas internas e externas moderadas e prudentes", declarou.
Wanming também ressaltou que "existem múltiplos problemas acumulados no Afeganistão" e que a retirada das tropas dos EUA "criaram novos dilemas".
"Existem múltiplos problemas acumulados no Afeganistão e os Estados Unidos criaram novos dilemas com a retirada das suas tropas, fazendo com que o processo de paz e reconstrução do país seja bastante árduo. Como vizinha e amiga do Afeganistão, a China mantém contato e comunicação com o Talibã e outros grupos com base em respeito pleno pela soberania nacional do país e vontade de todos os segmentos afegãos."
O diplomata também declarou que seu país espera que o Talibã combata "todos os tipos de terrorismo" e que não permita que forças como essas usem o território afegão para ameaçar a segurança das nações vizinhas, segundo a mídia.
Diálogo China-Brasil mais aproximado
No comando da Embaixada da China no Brasil desde dezembro de 2018, Wanming afirmou que, diferentemente do que acontecia durante o período de Ernesto Araújo como chanceler do Ministério das Relações Exteriores, com Carlos França, o contato é mais frequente.
O embaixador também declarou que Pequim vê o Brasil com uma "perspectiva estratégica e de longo prazo".
"A China sempre avalia o relacionamento com o Brasil em uma perspectiva estratégica e de longo prazo e promove o intercâmbio e a cooperação bilaterais em todas as áreas. Nos últimos 12 anos, a China tem sido o maior parceiro comercial do Brasil. Apesar dos impactos da pandemia, o comércio sino-brasileiro mantém ritmo de crescimento."
Videoconferência do ministro da Saúde do Brasil, Marcelo Queiroga, com o embaixador chinês em Brasília, Yang Wanming, em 7 de maio de 2021
Adicionalmente, o diplomata contou que Carlos França participou, há algumas semanas, da primeira reunião do Fórum Internacional sobre a Vacina, presidida pelo conselheiro de Estado e chanceler chinês Wang Yi.
Segundo o embaixador chinês, as declarações que se seguiram após o encontro mostram que os participantes estão dispostos a promover a cooperação internacional contra a COVID-19 e querem continuar com a parceria por vacinas com o Brasil em 2022.
"Conforme a demanda do lado brasileiro, a parte chinesa está disposta a continuar a parceria bilateral em vacinas para vencermos juntos esta batalha", completou.