O fundador e CEO do Telegram, Pavel Durov, afirmou que as grandes empresas de tecnologia estão ganhando cada vez mais poder sobre a humanidade e que esse poder pode se concentrar nas mãos de um punhado de executivos, tirando a liberdade das pessoas.
"Geralmente assumimos que o mundo está se tornando um lugar melhor […]. Mas quando se trata de liberdades individuais, o oposto é verdadeiro. A maioria dos estudos mostra que a humanidade agora é menos livre do que há vários anos", escreveu Durov na segunda-feira (30) no Telegram.
O CEO do aplicativo de mensagens observou que, há 20 anos, as pessoas eram muito mais livres porque tinham acesso a uma Internet descentralizada e um sistema bancário relativamente sem restrições. Enquanto hoje, gigantes como Apple e Google censuram as informações disponíveis aos usuários, e empresas como Visa e Mastercard impõem controle sobre os bens e serviços pelos quais os usuários podem pagar.
Pavel Durov, CEO do Telegram, fala no palco do TechCrunch Disrupt em San Francisco, Califórnia, EUA. Foto de arquivo
© AFP 2023 / STEVE JENNINGS
"A cada ano, cedemos mais poder e controle sobre nossas vidas a um punhado de executivos corporativos irresponsáveis que não elegemos […]. Ao contrário de 20 anos atrás, agora estamos cercados por câmeras de vigilância, que em países como a China usam IA [inteligência artificial] para garantir que ninguém possa se esconder."
O empresário russo descreveu os smartphones como dispositivos de rastreamento que a maioria das pessoas carregam por vontade própria, permitindo a grandes empresas acesso virtualmente ilimitado a informações privadas. Essas informações, por sua vez, são usadas para orientar e distrair os usuários com "entretenimento de baixa qualidade".
Durov finaliza afirmando que cada vez mais países estão se tornando autoritários e que é preciso agir, mas lamenta que ninguém parece interessado: "As mentes mais ativas e criativas de nossa geração estão ocupadas demais brincando […] ou produzindo conteúdo digital para manter todos os outros colados em seus dispositivos por mais tempo". E os demais, segundo o empresário, estão alheios para "avaliar criticamente a tendência e agir".