A exceção são as pessoas que apresentam o Certificado Digital COVID-19 da União Europeia, que comprova a vacinação completa em algum dos países do bloco. Para todos os outros viajantes vindos do Brasil, será necessário apresentar comprovativo de realização de teste laboratorial molecular por RT-PCR ou teste rápido de antígeno com resultado negativo, realizado nas 72 ou 48 horas anteriores à hora do embarque, respectivamente.
As informações foram confirmadas à Sputnik Brasil pelos ministérios da Administração Interna e da Economia, já que o despacho publicado na noite desta terça-feira (31) não deixava claro. Crianças com menos de 12 anos estão dispensadas de testes da mesma forma, todas as pessoas que apresentem testes negativos, vindas do Brasil, não precisarão cumprir a quarentena de 14 dias, que é obrigatória para outros países.
A situação é reavaliada periodicamente, em função da evolução sanitária, mas a tendência é a de que a medida seja prorrogada. Outros países da União Europeia (UE), como Alemanha, Espanha, Finlândia, França e Irlanda, passaram a aceitar viajantes vindos do Brasil antes de Portugal, com a vantagem de dispensar de testes de COVID-19 àqueles que comprovem a vacinação completa com algum dos imunizantes aprovados pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA) e não apenas o Certificado Digital UE.
Questionado pela Sputnik Brasil por que Portugal não seguiu o mesmo protocolo desses países da UE, preferindo exigir testes de quem foi vacinado no Brasil mesmo com fármacos aprovados pela EMA, o Ministério da Administração Interna (MAI) remeteu a pergunta ao Ministério da Saúde, mas a pasta não respondeu até o fechamento desta reportagem.
Em declaração enviada à Sputnik Brasil, a secretária de Turismo, Rita Marques, comemorou a reabertura de Portugal para turistas brasileiros, com a expectativa que outros países possam ser beneficiados com a mesma medida.
"A expectativa para uma retoma sustentável do turismo, de todos os mercados, garantindo a saúde pública dos portugueses e de quem nos visita, é muito favorável. O nosso país mostrou uma grande resiliência no seu Serviço Nacional de Saúde, na adaptação das suas unidades hoteleiras e estabelecimentos comerciais, nivelando por cima as práticas de higiene e segurança", lê-se na nota de Rita Marques.
Ela também destacou o fato de Portugal ser um dos países com as melhores taxas de vacinação no mundo, com 73% da população (7,5 milhões de pessoas) com imunização completa, e 83% (8,6 milhões) com a primeira dose. Na última faixa etária a ser inoculada, 74% dos jovens entre os 12 aos 17 anos (461 mil) já receberam a primeira dose, e 7% (41 mil) estão completamente imunizados.
"Portugal mostra liderança no processo de vacinação e, progressivamente, esperamos voltar a recuperar os indicadores da atividade turística dos anos antecedentes à pandemia. Garantir a confiança e segurança de quem nos visita é, pois, prioridade", conclui a nota enviada à Sputnik Brasil.
Rita Marques, secretária de Turismo de Portugal, durante a 7ª Reunião Virtual do Comitê de Crise da OMT
© Sputnik / Lauro Neto
Mercado turístico do Brasil teve queda de 73% em Portugal
Dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatísticas (INE), nesta terça-feira (31), mostram que, entre os 17 principais mercados emissores, o brasileiro teve uma queda de 72,8% no número de dormidas nos estabelecimentos de alojamento turístico portugueses entre janeiro e julho deste ano comparado com o período homólogo de 2020.
É a terceira maior queda, atrás apenas de Canadá (-91,5%) e China (-85,7%). O Reino Unido, mesmo com a liberação da entrada de turistas no início deste verão europeu, apresentou decréscimo de 25,5%. Ainda assim, em julho, o mercado britânico representou 13,1% do total de dormidas de não residentes, atrás dos mercados espanhol (16,9%) e francês (14,8%).
Ainda de acordo com os dados do INE, nos primeiros sete meses de 2021, os únicos aumentos registrados foram dos mercados da Polônia (103,8%), Suíça (35,9%) e Bélgica (30,2%).
Nesse mesmo período, todas as regiões portuguesas apresentaram reduções no número de dormidas de não residentes, com exceção dos Açores (+31,8%). As menores quedas foram registradas no Alentejo (-4,8%), enquanto as regiões restantes apresentaram decréscimos superiores a 16%.
Em entrevista à Sputnik Brasil, Fátima Catarina, vice-presidente do Turismo do Algarve, na região Sul de Portugal, demonstra otimismo com a possibilidade de voltar a receber turistas brasileiros. De acordo com ela, entre 2014 e 2019, houve um aumento de 340% no número de dormidas de viajantes do Brasil, ciclo que foi interrompido com o início da pandemia, em 2020.
"A expectativa é de que os brasileiros venham para cá visitar-nos. O mercado brasileiro é muito importante, primeiro pela nossa cultura e história. Precisamos manter as relações afáveis que temos com o Brasil. Se retomarmos o ritmo que tínhamos até 2019, a tendência é de um brutal crescimento de turistas brasileiros", prevê Fátima.
Indagada pela Sputnik Brasil se acredita que essa retomada vai se dar já a partir de setembro, último mês do verão europeu, ela é mais cautelosa.
"Não quero ser demasiadamente otimista. Espero que tudo melhore rapidamente. Mas tenho dúvidas de que seja tão rápido quanto gostaríamos, até porque as pessoas ainda têm muito receio de viajar. Esperamos que estabilize ao longo de 2022, mas em setembro não consigo prever o comportamento das pessoas", reconhece.
Fátima Catarina, vice-presidente do Turismo do Algarve, no Sul de Portugal
© Foto / Divulgação/Daniel Pina
Empresas aéreas aumentam número de voos entre os dois países
Após a reabertura de Portugal para viagens não essenciais vindas do Brasil, companhias aéreas que operam entre os dois países anunciaram um incremento no número de voos. A TAP vai oferecer 37 voos semanais de Brasil para Portugal em setembro, sendo 11 de São Paulo para Lisboa e um para o Porto; seis do Rio de Janeiro para Lisboa e um para o Porto. Recife terá cinco voos semanais; Fortaleza, quatro; Brasília, Belo Horizonte e Salvador, três cada, todos para a capital portuguesa.
A partir de 31 de outubro, até 26 de março de 2022, a oferta aumentará para 52 voos por semana, com a retomada dos trechos de Belém, Maceió e Natal. Para os viajantes que comprarem passagens em setembro, com viagens até o fim de outubro, a TAP oferece uma promoção com testes COVID-19 grátis.
Já a LATAM decidiu aumentar de quatro para seis voos semanais a operação da rota Guarulhos-Lisboa a partir de novembro. Em nota enviada pela assessoria de imprensa da empresa, Diogo Elias, diretor de Vendas e Marketing, anuncia a normalização das operações a partir de dezembro, como era no período pré-pandêmico.
"Muitos brasileiros estavam ansiosos por essa notícia, pois Portugal é, sem dúvida, um dos nossos destinos internacionais mais procurados. Por isso, é uma satisfação anunciar esse aumento e que o voo para Lisboa voltará a ser diário já em dezembro deste ano, exatamente como era antes da pandemia", lê-se no comunicado.
A Azul, que oferece atualmente entre três e quatro voos semanais de e para Portugal com decolagens de Campinas, acredita que, com a flexibilização, haja um crescimento na demanda. Apesar de não revelar números, a companhia informa que acompanha a movimentação do mercado para avaliar eventuais incrementos na oferta de voos para a Europa.
A paulista Raissa Yoshikado também aguardava essa notícia com ansiedade. Ela está há quase um ano sem encontrar seu namorado carioca, que mora em Lisboa. Ela comemorou o fato de Portugal voltar a aceitar passageiros com testes negativos de COVID-19 para viagens não essenciais. Ela planeja visitá-lo em outubro, quando tira férias.
"Estou com muitas saudades dele! Não aguentava mais ver outros países europeus reabrindo para turistas brasileiros, enquanto Portugal não reabria. Agora, vamos poder nos ver com mais frequência. Não vejo a hora de nos reencontrarmos!", derrete-se Raissa.
O professor universitário Eduardo Rodrigues, que foi ao Rio de Janeiro para resolver problemas familiares, agora pode voltar mais tranquilamente a Portugal para concluir seu doutorado em Economia na Universidade de Lisboa. Ele já pretendia regressar em setembro, quando começa o ano letivo, mas planejava entrar pela Espanha ou França, a fim de evitar o isolamento profilático de 14 dias que era obrigatório para passageiros vindos em voos diretos do Brasil.
"Foi uma excelente notícia. Há pouco tempo precisei voltar ao Brasil por questões de saúde de um familiar e agora poderei voltar a Portugal sem fazer a necessária quarentena, pois além de gastos adicionais seria um tempo sem muita produtividade em termos acadêmicos. Agora poderei retomar minhas atividades mais rapidamente, mantendo ainda todos os protocolos de segurança", comemora Fortes.