Se antes o vírus acumulava cerca de duas mutações por mês, agora elas são de dez a 15. Os resultados da pesquisa foram publicados no site de pré-impressões medRxiv.
Durante o último ano, no mundo surgiram quatro novas versões do coronavírus designadas pela OMS como variantes de preocupação: Alfa britânica, Beta sul-africana, Gamma brasileira e Delta indiana. Essas cepas se propagam mais rápido e mais facilmente, provocam sintomas mais graves e são menos suscetíveis aos anticorpos produzidos na sequência da infecção ou vacinação.
Os pesquisadores da Universidade de Melbourne, na Austrália, sugeriram que o surgimento de variantes mais mortíferas é ligado à acumulação acelerada das mutações sob pressão da seleção positiva.
Os autores analisaram as sequências genéticas do SARS-CoV-2 da base dos dados GISAID e avaliaram a velocidade de evolução ao longo dos ramos da árvore filogenética do coronavírus em vários modelos de evolução.
Os resultados mostraram que a velocidade de evolução do coronavírus varia significativamente entre as variantes, enquanto o surgimento de uma nova depende principalmente de sua aceleração episódica. Em certos períodos, essa velocidade pode se acelerar em quatro vezes. Em resultado disso, novas variantes estão surgindo em várias semanas e não em alguns meses, como se poderia prever com base nos tempos gerais da evolução.
Conforme as avaliações dos especialistas, para se acumular a quantia de mutações necessárias para o surgimento da cepa Alta foram precisas 14 semanas, enquanto para Beta, Gamma e Delta – quatro, 17 e seis semanas respectivamente.
Enquanto isso, o papel principal foi desempenhado pelas mutações na proteína de espícula, responsável pela entrada do vírus nas células do organismo humano. Tais mutações aumentam de forma significativa a transmissibilidade, infectividade e imunogenicidade de novas variantes do SARS-CoV-2, tornando-as mais perigosas.