A nova assistência proporcionará bens alimentares, abrigo, cuidados de saúde essenciais, e deverá facilitar a reunião de membros de famílias separadas no conflito no leste da Ucrânia.
"Os EUA estão fornecendo mais de US$ 45 milhões em assistência humanitária adicional para o povo da Ucrânia [...] Esta assistência dos EUA permite a nossos parceiros humanitários internacionais apoiar ainda mais muitas das estimadas 3,4 milhões de pessoas necessitadas no país, incluindo os deslocados pelo conflito liderado pela Rússia no leste da Ucrânia", declarou o secretário de Estado norte-americano.
Considerando este novo pacote de ajuda humanitária, Washington já disponibilizou à Ucrânia mais de US$ 351 milhões (cerca de R$1,8 bilhão) em assistência dessa natureza desde 2014, acrescentou em sua declaração.
As relações entre a Rússia e a Ucrânia têm se deteriorado esse ano por alguns motivos: a expulsão forçada do ex-presidente ucraniano, Viktor Yanukovich, do poder; o início de uma operação militar na região ucraniana de língua russa, Donbass e pelo referendo sobre o retorno da Crimeia à Rússia. Moscou, por sua vez, negou várias vezes seu envolvimento no conflito em Donbass.
Tendo tais fatos em consideração, a futura reunião entre os presidentes da Rússia e da Ucrânia, Vladimir Putin e Vladimir Zelensky, respectivamente, precisa ser muito bem planejada, afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.
"Qualquer comunicação ao mais alto nível deve estar bem preparada e deve ir ao encontro de certos objetivos [...] Ainda existem problemas significativos relativos a um conjunto de questões que poderia ser discutido. Zelensky insiste em discutir a Crimeia o tempo todo", explicou o porta-voz russo, acrescentando que "não há motivo para uma discussão" sobre essa questão.
A direção tomada por Kiev é preocupante para Moscou, especialmente quando isso implica uma aproximação a Washington. Nesse aspeto, Peskov advertiu que a Rússia seria forçada a tomar contramedidas para garantir sua segurança nacional, caso a Ucrânia venha, de fato, a aderir à OTAN.
Presidente da Ucrânia, Vladimir Zelensky, e presidente dos EUA, Joe Biden, durante o encontro oficial na Casa Branca, Washington, EUA, 1º de setembro de 2021
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A adesão da Ucrânia à OTAN representaria uma ameaça potencial para a Rússia, pois a Aliança Atlântica passaria a ficar demasiado próxima das fronteiras russas, explicou o porta-voz do Kremlin, nesta quinta-feira (2).
"Isso implicará a necessidade de implementar algumas contramedidas com o objetivo de reequilibrar a situação, e garantir a segurança a 100% de nossas fronteiras", rematou Peskov.
Por seu lado, Sergei Lavrov, ministro das Relações Exteriores da Rússia, acusou a Ucrânia de não cumprir com os Acordos de Minsk, documento firmado por representantes da Ucrânia, da Rússia, de Donetsk e de Lugansk, para colocar fim à guerra no leste da Ucrânia
"Nossa posição é absolutamente clara e firme. A Ucrânia viola os Acordos de Minsk, que foram aprovados pelo Conselho de Segurança da ONU. Quanto às acusações de que a Rússia bloqueia [a implementação dos acordos], feitas pelo presidente ucraniano Vladimir] Zelensky nas negociações com seus interlocutores norte-americanos em Washington, bem, ele obviamente os toma [interlocutores] por tolos", declarou o chanceler russo.