Reino Unido e EUA não devem ser considerados superpotências, sugere secretário da Defesa britânico

Ben Wallace, o secretário de Defesa do Reino Unido, admitiu que acredita que os EUA não são mais uma superpotência, reconhecendo também que seu país natal também não se enquadra neste perfil.
Sputnik
Os comentários de Wallace foram feitos durante uma entrevista à revista Spectator, em que o alto funcionário do governo britânico comentou como Londres e Washington lidaram com a retirada de suas forças do Afeganistão.
Ao ser perguntado se a retirada do Reino Unido do Afeganistão mostrava os limites do poder global do país, o secretário de Defesa afirmou que "é óbvio que o Reino Unido não é uma superpotência".
"Mas uma superpotência que também não está preparada para cumprir algo também não é uma superpotência. Certamente não é uma força global, é apenas uma grande potência", acrescentou, referindo-se aparentemente aos limites de poder dos EUA.
De acordo com a notícia do jornal The Guardian relativamente às observações do secretário da Defesa, pessoas próximas de Wallace familiarizadas com a situação concordaram que seus comentários podem ser interpretados como sendo destinados aos EUA. O ministro teria enfatizado a importância da vontade política sobre o poder militar.
"Foi um choque quando [a cidade de] Herat foi tomada. Alguns destes lugares importantes tinham sido historicamente resistentes ao Talibã [organização terrorista proibida na Rússia e em outros países]. Quando foram tomados, literalmente sem luta, eu penso que o jogo estava perdido. Lembro-me de em julho afirmar que, apesar do que pensávamos, o jogo tinha acabado e teríamos que fazer o que pudéssemos para acelerar o que estivéssemos fazendo", comentou Wallace.
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No entanto, o secretário de Defesa disse acreditar que "as coisas poderiam ter sido muito piores", e que, felizmente, o Talibã foi "complacente" com a evacuação dos contingentes militares dos países da OTAN e não interferiu com sua retirada.
"Eles poderiam ter atacado [o aeroporto] com morteiros. São precisos apenas um ou dois morteiros e os aviões param de voar – portanto eles poderiam ter feito um monte de coisas desse jeito. [Mas] não o fizeram", notou o alto responsável britânico.
Na noite de 30 para 31 de agosto, os militares dos EUA terminaram a retirada do aeroporto de Cabul, pondo fim à presença militar americana de quase 20 anos no Afeganistão.
De acordo com o presidente dos EUA, Joe Biden, o encerramento da missão militar norte-americana no Afeganistão foi a melhor maneira de proteger a vida dos soldados e de garantir que os civis possam sair do país nas próximas semanas ou meses.
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