A intervenção de Washington nos assuntos internos do Iraque, Síria e Líbia fez com que dentro desses países surgissem organizações extremistas que viriam ser "uma dor de cabeça" para todo o mundo, disse à Sputnik o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Oleg Syromolotov. Segundo ele, a guerra contra o terrorismo deve ser conduzida com base na igualdade, seguindo os princípios e normas do direito internacional.
"Foi precisamente o desprezo dos EUA pelo direito internacional, expressado na intervenção ilegítima nos assuntos internos e na violação da integridade territorial do Iraque, Síria e Líbia […] que levou à formação de organizações terroristas nestes países […]", acredita o vice-ministro.
Por exemplo, o Daesh (organização proibida na Rússia e em vários outros países) virou um ponto de atração dos jihadistas no Oriente Médio, incluindo nos países mencionados acima. Quando o Daesh surgiu no Oriente Médio, com ele apareceu outro grande problema, os combatentes estrangeiros terroristas (CET). Depois que os islamistas sofreram uma pesada derrota (a Rússia também contribuiu para isso), o Daesh se transformou em uma rede extensa de células clandestinas e o cerne deste sistema foi constituído por ex-CET, que viajaram para seus países de origem e outras regiões do mundo.
Al-Qaeda ameaça o mundo
"Contudo, a Al-Qaeda [organização proibida na Rússia e em vários outros países] é também uma ameaça para todo o mundo, já que ela possui bastante potencial financeiro, militar e técnico para continuar a lutar. O trabalho necessário continua, e estou convencido que com esforços conjuntos os referidos problemas serão resolvidos com eficácia", acredita o vice-ministro Syromolotov.
Al-Qaeda é uma organização fundamentalista islâmica, fundada por Osama bin Laden, a que são atribuídos alguns atentados, nomeadamente os ataques de 11 de setembro de 2001 em Nova York, quando dois aviões pilotados por terroristas esbarraram nas Torres Gêmeas, resultando na morte de 2.753 pessoas.
Soldados do Talibã andam em direção aos afegãos que protestam contra o Paquistão, 7 de setembro de 2021
© Hussein Malla
Durante a invasão do Iraque em 2003, a Al-Qaeda teve um maior interesse formal pela região, sendo dito que foi responsável por organizar e ajudar ativamente a resistência local contra as forças da coalizão de ocupação e a democracia emergente. Durante as eleições iraquianas em janeiro de 2005, a Al-Qaeda se responsabilizou por nove ataques suicidas em Bagdá, capital daquele país.
Rússia e EUA na cooperação contraterrorista
"O diálogo [bilateral] teve todas as possibilidades de se tornar [...] independente de estímulos negativos exteriores, contudo, usando pretextos inventados, ele foi suspenso unilateralmente por iniciativa de Washington, o que dificilmente beneficiou alguém", acredita Syromolotov.
Na entrevista à Sputnik, o vice-ministro disse que, ao longo dos 20 anos decorridos após o atentado em Nova York, a cooperação entre Moscou e Washington no âmbito da guerra contra o terrorismo global continuou se desenvolvendo e ainda há necessidade de assegurar laços bilaterais neste campo. A cooperação nesta área corresponde aos interesses nacionais da Rússia quanto aos objetivos de promover estabilidade e segurança no mundo. Ao mesmo tempo, a cooperação deve ser uma prioridade tanto para nós, como para nossos colegas do Ocidente, acrescentou.
"Sem dúvida, é extremamente difícil negar que nestes últimos anos a ameaça do terrorismo evoluiu muito, surgiram novos desafios [...] os extremistas começaram a usar drones para cometer atos terroristas, o recrutamento para as organizações terroristas espalhou-se a estabelecimentos penitenciários, a propaganda das ideias radicais agora é conduzida com uso de tecnologias de comunicação avançadas, surgiram novas fontes de financiamento [do terrorismo]", diz Syromolotov.