Ken McCallum, diretor-geral do Serviço de Segurança, mais conhecido pelas iniciais de Inteligência Militar Seção 5, MI5, afirmou que a ameaça do terrorismo para o Reino Unido era "uma coisa real e duradoura".
"Enfrentamos uma luta global consistente para derrotar o extremismo e para nos proteger contra o terrorismo", disse McCallum em uma entrevista na véspera do aniversário dos ataques de 11 de setembro de 2001 contra os EUA, citado pela agência Reuters.
Londres enfrentou pela última vez grandes ataques de tal natureza em 2017, quando um bombista atacou um concerto em Manchester e homens empunhando facas atacaram em duas pontes da capital britânica. Nos quatro anos seguintes, a polícia e os serviços de inteligência conseguiram flagrar 31 planejamentos em fase final para atacar o Reino Unido, informou McCallum. Em sua perspectiva, esse tipo de militantes poderiam ser inspirados pela vitória do Talibã.
Prédio em chamas durante os ataques de 11 de setembro de 2001 nos EUA
© AP Photo / Will Morris
"Não há dúvida de que os recentes acontecimentos no Afeganistão terão animado e incentivado alguns desses extremistas", comentou o chefe de espionagem britânico, citado na matéria.
Os talibãs prometeram não deixar que o Afeganistão, onde Osama bin Laden planejou os ataques de 11 de setembro de 2001, possa se tornar mais uma vez em um paraíso para terroristas que planejem atacar o Ocidente.
"Ao lado do efeito inspirador imediato está o risco de que os terroristas se reorganizem e, mais uma vez, nos coloquem no caminho de conspirações complexas e bem-desenvolvidas como a que enfrentamos no 11 de setembro e nos anos seguintes", disse McCallum, citado pela Reuters.
Em meados de agosto de 2021, o Talibã finalmente tomou o controle de Cabul, ao fim de várias missões ofensivas após as forças da OTAN, lideradas pelos EUA, anunciarem sua retirada do país.
Desde o final de agosto, ante o crescimento da violência, da ameaça de ações terroristas e da necessidade de ajuda humanitária ao país da Ásia Central, bastante fragilizado por uma guerra de duas décadas, vários Estados ocidentais, incluindo o Reino Unido, se deparam com uma possibilidade controversa e ainda aceita por muitos poucos – cooperar com o novo governo do Talibã.
Em 2 de setembro, o ministro das Relações Exteriores britânico, Dominic Raab, afirmou que há necessidade de trabalhar com o Talibã no Afeganistão, apesar de o Reino Unido não ter planos imediatos de reconhecer seu governo. Por enquanto, Londres manterá conversações com países da região sobre como possibilitar uma passagem segura de pessoas para fora do Afeganistão através de países terceiros.