O dia 11 de setembro de 2001 tinha começado como qualquer outro dia para Marc Fiedler. A confusão e correria em seu caminho do trem para o trabalho, que mudou da área do World Trade Center para Jersey City. Chegando em seu escritório, de sua janela, observava a cidade de Nova York além do rio Hudson – ou seja, era uma terça-feira comum.
Marc e seus colegas estavam no banco Merrill Lynch dando conta de suas tarefas. Era necessário não haver distrações para não baixarem sua produtividade, mas se alguém olhasse, nem que por um breve instante, para os televisores nas paredes de seu escritório, poderiam ver que eram 08h45, escassos momentos antes de suas vidas, e de seu país, mudarem por completo.
"Ouvimos um estrondo muito forte", disse Fiedler, se lembrando do ruído de um Boeing 767 colidindo com a Torre Norte do Centro Comercial Mundial. Em um instante, Marc e seus colegas de trabalho olharam pela janela, observando o outro lado do rio Hudson e Manhattan, enquanto a fumaça resultante da colisão subia pelo ar. Nesse momento ninguém sabia o que tinha realmente acontecido, ou o que estava prestes a acontecer.
"Havia pessoas que diziam [que] foi algum piloto que, acidentalmente, bateu com seu avião no prédio, mas então começamos a pensar que um piloto tentaria pousar no rio Hudson antes de bater em um dos prédios."
Incapazes de desviar o olhar, Fiedler e seus colegas viram "ao vivo o segundo avião entrando na segunda torre". Em um instante, tudo mudou, e a curiosidade deles desapareceu. Todas suas questões estavam respondidas – tinham acabado de testemunhar um ataque, e tudo o que eles sabiam era que tinham de sair dali.
Os trens de Jersey City para Hoboken não estavam em serviço e os celulares também não funcionavam. Tudo em que Marc podia confiar eram seus próprios pés e os relatos de um rádio para o guiar. Enquanto fazia a caminhada de quase três quilômetros de seu escritório na rua Greene até a estação de trens de Hoboken, ele continuava observando o que estava acontecendo no World Trade Center.
"Ficou tudo muito nublado, com fumaça, realmente já não conseguia ver muito mais por causa dos detritos. O pensamento era que esses edifícios são alguns dos mais fortes e maiores do mundo. Eles ainda estarão lá amanhã, era o que pensava. E, de repente, o homem do rádio começou contando como as pessoas estavam pulando para fora do prédio e foi apenas o caos", descreve Fiedler.
Quando as torres desmoronaram, choveram inúmeros escombros. O impacto dos aviões havia desencadeado uma reação em cadeia mortal. O peso de cada andar acima da zona de impacto foi se acumulando lentamente. O World Trade Center não havia sido apenas atacado, mas também sido transformado em arma – era uma bomba-relógio estrutural.
A maioria das pessoas perto do sítio correu o mais rápido e longe possível do local, mas os socorristas, desconhecendo a perigosa armadilha em que estavam entrando, foram rapidamente em sua direção.
As pessoas que estavam acima das zonas de impacto ficaram aprisionadas. Não havia fuga nem resgate possível. Até hoje, estima-se que, pelo menos, 200 pessoas saltaram, misturadas com escombros, para sua morte.
World Trade Center cria coluna de fumaça durante o ataque de 11 de Setembro
© AP Photo / Mike Derer
No entanto, em meio a tanta destruição, caos e morte no World Trade Center, os atos de simpatia e bondade brilharam.
Mesmo enquanto Marc Fiedler tentasse permanecer otimista durante toda a situação, todo o mundo parecia ter percebido que tudo tinha mudado. As pessoas se comportavam com civismo na estação de trem, ninguém se queixava dos atrasos.
Em seu caminho para casa, Marc manteve ligado um rádio que o atualizava sobre os acontecimentos. Havia um entendimento coletivo de que todos estavam de luto.
"Como poderia aquele edifício gigantesco desmoronar por causa de um avião quase perto do topo", perguntou a si mesmo. Não obstante, como ele havia feito antes, tentou permanecer otimista. Uma torre havia caído, mas a outra permaneceu, por mais 30 minutos. Então, quando Marc e o resto da nação pareciam ainda não ter perdido a esperança, "a segunda torre caiu, e acho que ninguém foi mais o mesmo desde então".
Fiedler tinha testemunhado mais do que apenas o momento mais central do século XXI na história norte-americana: ele tinha-o sentido, ele tinha-o vivido, e isso fê-lo pensar. Isso fê-lo pensar em como as pessoas nos trens haviam sido cordiais, em como "o edifício que deixamos um mês antes foi esmagado com os escombros".
Bombeiros descansam durante trabalhos de resgate após ataques do 11 de Setembro
Principalmente, todo o sucedido fê-lo pensar em seu sobrinho, que trabalhava perto do Ground Zero, "coberto de fuligem, atordoado, caminhando pela ponte George Washington". Isso fê-lo pensar em "todos os bombeiros e policiais que morreram ajudando pessoas". No final, isso fê-lo pensar e concluir que nada mais seria o mesmo.
O 11 de setembro de 2001 não foi apenas mais um dia. Deixou um impacto duradouro em todo um país e em todo o mundo. Contudo, foram as pessoas que estavam lá naquele dia, em Nova York e nas áreas próximas, que suportaram o peso da tragédia. Elas nunca tiveram a opção de desligar a televisão, elas tinham que viver aquela realidade. Muitos de seus entes queridos morreram naquele dia, e até hoje muitos dos que sobreviveram continuam sofrendo com a natureza de tamanha perda.