Os governos ocidentais demonstram um padrão duplo "vergonhoso" em relação ao status suspeito de armas nucleares de Israel, afirmou na segunda-feira (13) Saeed Khatibzadeh, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã.
"Infelizmente, o Ocidente segue um padrão duplo muito vergonhoso, não apenas se abstendo de pressionar [Israel] a aderir ao [Tratado de Não-Proliferação Nuclear, TNP] e desarmar, mas também fornecendo a este regime ilegítimo tudo à sua disposição para violar o sistema internacional e representar uma ameaça permanente à região e ao mundo", disse Khatibzadeh em uma coletiva de imprensa.
Khatibzadeh referiu que, mesmo possuindo dezenas ou até centenas de armas nucleares, Israel se recusou a aderir ao TNP ou "qualquer outro regime regulatório internacional nesta área, rejeitou o Acordo de Salvaguardas, e é conhecido e desonrado como um regime desleal no sistema internacional com relação ao regime de não-proliferação nuclear", indicou, em referência ao Artigo II do Estatuto da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que procura evitar o uso militar de material nuclear.
No domingo (12) Benny Gantz, ministro da Defesa de Israel, exigiu sanções de "retorno" imediatas contra o Irã, após a publicação de um relatório da AIEA, que relatou que Teerã aumentou drasticamente seus estoques de urânio altamente enriquecido.
"O Irã não respeita os acordos que assinou, e não há razão para acreditar que respeitará quaisquer acordos que venha a assinar no futuro. Chegou a hora de agir", disse Gantz, encorajando os signatários do acordo nuclear do Irã, incluindo Rússia, China, França, Alemanha e Reino Unido, a restaurar as sanções contra Teerã.
"Este é o momento para uma 'restauração imediata'", sugeriu ele.
Foco nuclear só no Irã?
Khatibzadeh e outras autoridades iranianas questionam regularmente a razão de os EUA e seus aliados europeus examinarem tão de perto o programa de energia nuclear do Irã, ao mesmo tempo que parecem ignorar a suspeita de posse de um arsenal de armas nucleares por Israel.
As autoridades israelenses nunca admitiram formalmente a posse de armas nucleares, ao invés disso, perseguindo uma política de "ambiguidade nuclear", com a qual não confirmam nem negam que Tel Aviv possui tais armas, e ao mesmo tempo, reservam o direito de bombardear, sabotar ou agir de outra forma para interromper as atividades de qualquer nação do Oriente Médio que pense estar trabalhando em uma arma nuclear.
O Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (SIPRI, na sigla em inglês) estima que Israel tem cerca de 80 armas nucleares, cerca de 30 delas entregáveis por aeronaves, com as restantes localizadas em mísseis balísticos de alcances médio e intercontinental, em terra ou nos submarinos do país. Outras estimativas sugerem que o país pode ter até 400 ogivas nucleares.