A Europa deve reforçar a sua autonomia estratégica e a sua defesa após o incidente com a Austrália, acrescentou o político.
"O governo australiano não pode se esconder atrás de Washington ou de Londres. Eles tomaram uma decisão como Estado soberano, e a América começou a proteger os seus interesses [...] É claro que [o fizeram] de forma desagradável e não como parceiros, mas não se deve esperar até que Washington recupere o bom senso", afirmou Beaune ao canal France 24.
Ele ressaltou que a Europa tem que agir depois do incidente australiano.
"Não é uma questão da França, é um assunto da Europa – reforçar as nossas capacidades de defesa e autonomia estratégicas", disse diplomata.
"Não sei como agora podemos confiar em nossos parceiros australianos. E este não foi um passo contra a França, foi uma quebra de confiança da Europa, porque agora ela não pode confiar em seus parceiros”, comentou Beaune.
Quebra de confiança é um sinal muito ruim
O embaixador francês na Austrália, Jean-Pierre Thebault, disse, antes de partir do país, que Camberra estava preparando a quebra do contrato há meses, escreve o Sydney Morning Herald.
"Temos informações muito confiáveis da imprensa independente, que eu agradeço, sobre o fato de tudo isto ter sido planejado durante 18 meses. O que significa que fomos enganados intencionalmente durante 18 meses […] O crime foi preparado há 18 meses", disse o embaixador.
"Se as informações que foram publicadas […] sobre a traição em curso e dupla linguagem intencional são verdade – e elas ainda não foram desmentidas – então isto é uma grande quebra de confiança e um sinal muito ruim", concluiu Thebault.
Nesta sexta-feira (17), o ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Yves Le Drian, anunciou a retirada dos embaixadores franceses nos Estados Unidos e na Austrália, que retornam a Paris para consultas, por causa do cancelamento do contrato de submarinos. Segundo observa a mídia, é a primeira vez na história que a França retira seus embaixadores nestes países.
A Austrália acaba de estabelecer uma parceria no domínio da defesa e segurança com o Reino Unido e os EUA, anunciando o cancelamento do contrato de fabricação de submarinos com a empresa francesa Naval Group. O acordo de 90 bilhões de dólares australianos (R$ 345,9 bilhões), denominado de "contrato do século", previa a produção de 12 submarinos da classe Barracuda.