CIA alertou militares dos EUA para provável presença de crianças antes de ataque em Cabul, diz mídia

Esta semana, os EUA admitiram que erraram no ataque aéreo em agosto no Afeganistão e confessaram que as dez pessoas mortas pela investida eram civis afegãos, incluindo crianças.
Sputnik
A Agência Central de Inteligência dos EUA (CIA, na sigla em inglês) alertou para a possível presença de civis, incluindo crianças, minutos antes do ataque norte-americano em Cabul, na qual morreram dez pessoas, incluindo sete crianças, informa a emissora CNN, citando três fontes familiarizadas com a situação.
Nem a CIA, nem o Comando Central dos EUA (USCENTCOM, na sigla em inglês) comentaram ainda a reportagem da emissora.
Segundo a mídia, os EUA acompanharam durante oito horas, em 29 de agosto, os movimentos do condutor de um sedan Toyota, Zemari Ahmadi, funcionário de uma Organização Não Governamental (ONG) norte-americana, por ter tido contato com pessoas que os EUA acreditavam ser uma casa do Estado Islâmico-Khorasan (EI-K), um ramo do Daesh (organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países) no Afeganistão.
As suspeitas contra Ahmadi fizeram com que os militares norte-americanos interpretassem mal os seus movimentos: o homem carregou garrafas de água para as traseiras do veículo e os EUA pensaram que eram explosivos.
O alerta da CIA chegou tarde, segundos antes de o míssil disparado pelo drone ter atingido a viatura, relata a CNN.

'Erro horrível'

Os ataques aéreos foram ordenados pelos militares dos EUA após terroristas do EI-K terem realizado um atentado do lado de fora do Aeroporto Internacional Hamid Karzai em 26 de agosto. Quase 200 pessoas morreram e milhares ficaram feridas. Entre as vítimas, 13 soldados norte-americanos.
Enquanto o ataque aéreo realizado em 28 de agosto na província de Nangarhar supostamente eliminou dois comandantes do EI-K, responsáveis ​​por orquestrar os ataques no aeroporto, a legitimidade do segundo ataque foi questionada por semanas.
No entanto, na sexta-feira (17), o chefe do USCENTCOM, general Frank McKenzie, admitiu que nenhum combatente do EI-K foi morto no ataque aéreo de 29 de agosto em Cabul.
O general dos fuzileiros navais Frank McKenzie, chefe do Comando Central dos EUA, participa de uma cerimônia em que o general Scott Miller, que serviu como o principal comandante da América no Afeganistão desde 2018, entregou o comando, na sede do Resolute Support, em Cabul, Afeganistão, 12 de julho de 2021
"Este ataque foi realizado com a convicção de que evitaria uma ameaça iminente às nossas forças e aos evacuados do aeroporto, mas foi um erro. Como comandante combatente, sou totalmente responsável por este ataque e seu trágico resultado", afirmou McKenzie.
O secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, pediu uma "revisão completa" da investigação de ataque de drones pelo USCENTCOM "para considerar o grau em que a investigação julgou todo o contexto e informações disponíveis, o grau em que as medidas de responsabilidade devem ser tomadas e em que nível e, até que ponto, as autoridades, procedimentos e processos do ataque precisam ser alterados no futuro".
"Pedimos desculpas e faremos o possível para aprender com esse erro horrível", acrescentou Austin.
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