A Austrália deve dar explicações à União Europeia (UE) pela forma como tratou a França, disse na segunda-feira (20) Ursula von der Leyen, à emissora CNN.
"Um de nossos Estados-membros foi tratado de uma forma que não é aceitável, então queremos saber o que aconteceu e por quê."
"Portanto, antes de mais nada, há que esclarecer isso, antes de continuarmos com os negócios como sempre", indicou a presidente da Comissão Europeia, em referência às discussões de um acordo de comércio livre com a Austrália.
A Austrália e França acordaram em 2016 um contrato de 90 bilhões de dólares australianos (R$ 347,26 bilhões, na cotação atual) para construir uma frota de 12 submarinos convencionais para a Marinha da Austrália.
No entanto, na quarta-feira (15) os EUA, o Reino Unido e a Austrália anunciaram a formação da nova aliança militar AUKUS, o fornecimento de submarinos movidos a energia nuclear a Camberra, e o cancelamento do contrato francês, provocando o descontentamento por parte de Paris, que convocou os seus embaixadores nos EUA e Austrália e criticou os participantes do novo acordo por não terem comunicado a ação previamente.
Na terça-feira (21), Bernd Lange, presidente da Comissão de Comércio Internacional do Parlamento Europeu, concordou com a posição europeia.
"É realmente uma situação pouco amável que a França enfrenta", opinou em entrevista de terça-feira (21) à emissora ABC, acrescentando que esperava ver "algum tipo de pedido de desculpas, algum tipo de acalmia da situação, por parte do governo australiano" para permitir uma "melhor compreensão".
"A questão da confiança está ocorrendo agora, e alguns membros poderiam pedir mais redes de segurança, mais salvaguardas", disse ele.
Como resultado, o executivo da UE pediu o adiamento dos preparativos para um conselho inaugural de comércio e tecnologia em 29 de setembro com os EUA, uma cúpula que, segundo relatos, constituiria um grande avanço na aliança transatlântica, contaram dois embaixadores da UE à agência britânica Reuters, citados na terça-feira (21).
Por sua vez, Scott Morrison, primeiro-ministro da Austrália, comentou em Nova York, EUA, citado na terça-feira (21) pelo jornal The Guardian, que não havia "nenhuma oportunidade neste momento" para suas próprias conversas com Emmanuel Macron, presidente da França.
"Tenho a certeza que essa oportunidade chegará a seu tempo. Neste momento entendo a decepção, e eles estão trabalhando através de consultas com o retorno de seu embaixador a Paris, e seremos pacientes com isso".