Existe uma esfera vazia de quase 500 anos-luz de diâmetro nas constelações Perseu e Taurus, a 700 anos-luz da Terra, escreve na quarta-feira (22) o portal EurekAlert.
Chamada de Concha Per-Tau, os pesquisadores envolvidos na descoberta creem que está relacionada com as nuvens moleculares Perseu e Taurus perto de si.
"Centenas de estrelas estão se formando ou já existem na superfície desta bolha gigante", disse Shmuel Bialy, astrofísico teórico do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsoniano (CfA, na sigla em inglês), EUA, sobre o estudo publicado na revista The Astrophysical Journal Letters.
"Temos duas teorias – ou uma supernova explodiu no centro desta bolha e empurrou gás para fora formando o que agora chamamos de 'Supernova Perseu-Taurus', ou uma série de supernovas ocorrendo ao longo de milhões de anos a criaram ao longo do tempo", segundo Bialy.
Os cientistas analisaram dados do Gaia, o observatório satélite da Agência Espacial Europeia, que mapeia desde 2013 a Via Láctea em três dimensões com o máximo de detalhe e a maior precisão possível, com o software glue, e revelaram os resultados no portal da Universidade de Harvard, EUA. O observatório é uma das ferramentas mais poderosas existentes para ajudar a entender a arquitetura e a história da nossa galáxia.
A Concha Per-Tau: Uma concha esférica gigante em forma de estrela revelada por observações 3D do pó [GA]
"Temos sido capazes de ver estas nuvens por décadas, mas nunca soubemos sua verdadeira forma, profundidade ou espessura. Também não tínhamos certeza da distância das nuvens", disse a astrônoma Catherine Zucker, também do CfA.
"Agora sabemos onde elas estão com apenas 1% de incerteza, o que nos permite discernir este vazio entre elas".
A equipe de pesquisadores teoriza que a bolha quase esférica, cujo tamanho é superior a 4,6 quatrilhões de km, é o resultado de uma poderosa explosão de supernovas, que enviou uma onda de choque em todas as direções, para o espaço interestelar. À medida que a onda de choque se expandia, ela empurrava e comprimia o material no meio interestelar, varrendo-o para cima e criando uma casca esférica.
Segundo os investigadores, a experiência também revela como as nuvens moleculares podem ser acionadas na formação de estrelas.
"Há muitas teorias diferentes sobre como o gás se rearranja para formar estrelas", disse Zucker.
"Os astrônomos testaram estas ideias teóricas usando simulações no passado, mas esta é a primeira vez que podemos usar vistas reais, não simuladas, em três dimensões, para comparar teoria com observação, e avaliar quais teorias funcionam melhor", comentou ela.
A equipe crê que entre seis e 22 milhões de anos atrás, múltiplos eventos de supernova formaram uma cavidade no meio interestelar, o que criou tanto a concha quanto as nuvens moleculares Perseus e Taurus.
"Isto demonstra que quando uma estrela morre, sua supernova gera uma cadeia de eventos que pode, em última análise, levar ao nascimento de novas estrelas", conclui Shmuel Bialy.
Atualmente, a bolha parece não estar mais se expandindo.