Contudo, tal solução controversa não chegará para ajudar todos os milhares de refugiados haitianos acampados no estado norte-americano do Texas.
De acordo com uma reportagem do NBC News na quarta-feira (22), o Departamento de Segurança Nacional publicou na semana passada uma solicitação de contrato para "pelo menos 50" guardas, 10% dos quais devem ser fluentes em "espanhol e crioulo haitiano", que devem estar disponíveis com 24 horas de aviso prévio para trabalharem em um centro de detenção no enclave controlado pelos EUA na ilha. Porém, tal solicitação gerou uma onda de críticas nas redes sociais vindas de todos os lados do espectro político.
Os democratas foram de FECHAREMOS GUANTÁNAMO (2007) para VAMOS USAR GUANTÁNAMO PARA IMIGRANTES HAITIANOS (2021).
As reações negativas têm origem no compartilhamento de fotos de agentes da Patrulha de Fronteira montada "chicoteando" haitianos que atravessam o Rio Grande para o Texas, publicadas no início desta semana por um ativista. Embora os agentes não tivessem de fato chicotes, e não houvesse provas que sugerissem que eles tivessem atingido alguém com as rédeas usadas para conduzir seus cavalos, a Casa Branca e o Departamento de Segurança Nacional pediram uma investigação.
Agentes fronteiriços a cavalo cercam migrantes haitianos após passarem o atravessamento de Rio Grande, onde 15 mil se reuniram sob a ponte do Texas: o primeiro voo de repatriamento chega ao Haiti com até oito programados por dia.
Contudo, em meio a toda a indignação, muitos acabaram não prestando atenção ao conteúdo do artigo do NBC, que informa que o centro de detenção poderá apenas conter 120 pessoas – ou até 400, em caso extremo – o que não é nem de longe suficiente para auxiliar os mais de 14 mil haitianos que já atravessaram a fronteira dos EUA.
Esta não é a primeira vez que Washington utiliza Guantánamo para deter requerentes de asilo haitianos, como ocorreu na sequência do golpe de Estado de 1991 no país caribenho. Até 12 mil haitianos chegaram a estar detidos na base em algum momento, devido a receios de que pudessem ter o vírus HIV.