Usando os dados obtidos pela sonda Mars Odyssey da NASA, que passou quase 20 anos orbitando o Planeta Vermelho, Martínez e seus colegas identificaram duas áreas de particular interesse: Hellas Planitia e Utopia Rupes, respectivamente no Hemisfério Sul e Norte.
As variações sazonais nos níveis de hidrogênio detectados sugerem que quantidades significativas de água gelada podem ser encontradas a cerca de um metro de profundidade nas regiões mencionadas do planeta.
Martínez disse que "os dados do Espectrômetro de Nêutrons da Mars Odyssey mostraram sinais de hidrogênio sob a superfície de Marte em latitudes médias e equatoriais, mas ainda tínhamos o desafio de saber se estaria na forma de gelo, e se poderia ser prontamente utilizado como recurso, ou preso em sais minerais ou minerais do solo. É aqui que a variação sazonal fornece uma importante pista. Como as temperaturas mais frias do solo ocorrem ao mesmo tempo que o maior aumento no teor de hidrogênio observado, isso sugere que o gelo d’água se está formando no subsolo superficial dessas regiões durante as estações de outono e inverno [marcianos], depois se sublimando na forma de gás durante a estação quente de cada hemisfério", indica o cientista, citado na matéria.
A região branca brilhante desta imagem mostra a calota gelada que cobre o polo sul de Marte, composta por água congelada e dióxido de carbono congelado
© Foto / ESA/DLR/FU Berlin/Bill Dunford
A água gelada no subsolo foi encontrada em abundância nos polos de Marte. Entretanto, as baixas temperaturas e a luz solar limitada fazem dos polos um ambiente hostil para a exploração humana. Por sua vez, as áreas das latitudes equatoriais e médias são muito mais hospitaleiras, tanto para os humanos quanto para os aparelhos robóticos. No entanto, até agora, apenas reservatórios mais profundos de gelo d'água foram detectados, e são difíceis de alcançar.
Para sobreviver em Marte, os astronautas precisariam contar com recursos já disponíveis no local, uma vez que o envio de suprimentos regulares através dos 55 milhões de quilômetros entre a Terra e Marte em seu ponto mais próximo não é uma opção.
Como a água líquida não se encontra disponível no ambiente frio e árido marciano, o gelo se torna um recurso vital. A água não só é essencial para o suporte de vida dos exploradores, o crescimento de plantas e de alimentos, como também poderá ser decomposta em oxigênio e hidrogênio para uso como combustível para foguetes, explica o portal.
"O que planejamos fazer agora em [...] Hellas Planitia e Utopia Rupes é estudar sua mineralogia com outros instrumentos, na esperança de detectar tipos de rochas alteradas pela água [...] Tais áreas seriam candidatos ideais para missões robóticas, incluindo as de retorno de amostras, pois os ingredientes para combustível de foguetes também estariam disponíveis lá", disse Martínez, citado pela mídia.