Oficialmente, o Iraque está em guerra com Israel desde que o Estado judeu foi fundado em 1948, sendo que as forças iraquianas já combateram em três guerras consecutivas contra Israel, informa o The Times of Israel.
"Exigimos relações diplomáticas plenas com o Estado de Israel, e uma nova política de normalização com base nas relações interpessoais com os cidadãos desse país", disse Wissam al-Hardan, que comandou as milícias tribais sunitas alinhadas com os EUA para combater a Al-Qaeda (organização terrorista proibida na Rússia e em outros países) em 2005, citado pela mídia.
Em setembro de 2020, foram assinados na Casa Branca os Acordos de Abraão, propostos pela administração do ex-presidente norte-americano Donald Trump, entre Israel, Bahrein e os Emirados Árabes Unidos (EAU). Outros países, como Marrocos e o Sudão, assinaram esses acordos de normalização de relações com Israel nos meses seguintes.
"Devemos escolher entre a tirania e o caos, por um lado, e um eixo emergente de legalidade, decência, paz e progresso, por outro", declarou al-Hardan, citado na matéria.
A reunião, da qual participaram líderes tribais muçulmanos sunitas e xiitas, ativistas sociais e ex-comandantes militares, ocorreu na capital iraquiana do Curdistão, Arbil. O encontro alargado foi organizado pelo Centro para as Comunicações de Paz, uma organização sem fins lucrativos sediada em Nova York que busca estreitar os laços entre israelenses e o mundo árabe.
A lei iraquiana continua impondo penalidades rigorosas aos cidadãos e residentes do Iraque que mantêm contato com israelenses. Durante décadas, a associação com "organizações sionistas" ou a promoção dos "valores sionistas" foi punida com a morte. Al-Hardan, por seu lado, criticou duramente essas leis, dizendo que elas violam os direitos humanos fundamentais dos iraquianos, aponta o The Times of Israel.
As autoridades iraquianas teriam afirmado que seu país não normalizaria os laços com o Estado judeu sem uma solução justa da questão palestina. Porém, em 2019, o embaixador iraquiano nos EUA, Farid Yassin, observou que existem "razões objetivas" para estabelecer laços entre os dois países.
Muitos palestinos, contudo, se opõem fortemente à normalização entre Israel e o mundo árabe em geral. Tanto o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, quanto o grupo Hamas, classificam os acordos de normalização de "traição".