Após normalização de relações entre Sudão e Israel, Hamas pode estar orquestrando 'Plano B'

Sob o comando do ex-presidente Omar al-Bashir o Sudão serviu de base para os militantes do grupo palestino Hamas, onde supostamente treinariam e angariavam fundos. No entanto, um acordo de normalização de relações entre Cartum e Tel Aviv parece ter colocado fim a essa cooperação.
Sputnik
As relações entre o Hamas e o Sudão mostraram sinais de tensão na sexta-feira (24), depois que Cartum anunciou ter confiscado pelo menos uma dúzia de empresas ligadas ao grupo islâmico, que é considerado uma organização terrorista por vários atores regionais e internacionais.
Adnan Abu Samer, especialista político baseado em Gaza, diz que o Hamas não pode negar que suas "relações com o Sudão se deterioraram após a decisão deste de normalizar os laços com Israel".
Cartum reconheceu formalmente Israel em outubro do ano passado, após intensas conversações mediadas pelos EUA.
O ex-presidente dos EUA, Donald Trump, em telefonema com os líderes de Sudão e Israel, no Salão Oval da Casa Branca, em 23 de outubro de 2020, em Washington
A decisão do Sudão foi motivada pela vontade de o país ser retirado da lista de patrocinadores estatais de terrorismo, bem como sua necessidade de bilhões de dólares que pudessem salvar sua economia falha.
Após a normalização dos laços entre Israel e o Sudão, Abu Samer diz que o Hamas "não tem lugar no Sudão [...] As relações entre Cartum e o Hamas não podem ficar piores. O grupo islâmico via o Sudão como um parceiro. Essa parceria está agora terminada".

Hamas não desistirá

Por vários anos, o Sudão tem, supostamente, permitido a transferência de centenas de mísseis iranianos e outras munições para a Faixa de Gaza.
Porém, o especialista de Gaza acredita que o grupo não vai ficar parado observando sua antiga "base" sendo "arruinada".
Líder do movimento islâmico palestino Hamas, Ismail Haniyeh, dirigindo-se a apoiadores durante comício. Foto de arquivo
O Hamas, que atualmente enfrenta uma grave crise econômica desencadeada pelo surto da pandemia do coronavírus, não pode sofrer mais perdas, e é por isso que Abu Samer está convencido de que o grupo já está trabalhando em um Plano B.
Apesar de al-Bashir já não deter o poder, o Sudão ainda tem vários partidos islamistas que apoiam o Hamas e que se opõem às relações de seu país com Israel. Sabendo disso, é provável que o grupo islâmico estreite os laços que tem com esses grupos, o que significa que o contrabando de capitais e armas através do Sudão está longe de ter terminado.
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