A advogada Bruna Morato, que representa 12 profissionais da operadora de saúde Prevent Senior, afirmou nesta terça-feira (28) à CPI da Covid no Senado Federal que empresa comunicou a médicos em 2020 que colaboraria com o governo Bolsonaro na defesa do uso da hidroxicloroquina como forma de se contrapor à adoção de medidas restritivas no combate à pandemia.
"As informações que foram levadas aos médicos, em uma reunião promovida pela instituição, foi a seguinte: que existiria uma colaboração, com relação à instituição Prevent Senior, na produção de informações que convergissem com essa teoria [do governo federal], ou seja, de que é possível você utilizar um determinado tratamento como proteção", disse Morato, citada pelo portal Poder360.
A advogada ajudou na elaboração de um dossiê com denúncias sobre a operadora de planos de saúde, que cita uma série de irregularidades cometidas pela empresa durante a pandemia do novo coronavírus, entre as quais, a ocultação de mortes pela doença e a prescrição de remédios sem eficácia.
"Existia um plano para que as pessoas pudessem sair às ruas sem medo. Eles desenvolveram uma estratégia: através do aconselhamento de médicos, esses médicos eu posso citar de forma nominal: Anthony Wong, Nise Yamaguchi, Paolo Zanotto; e que a Prevent Senior ia entrar para colaborar com essas pessoas. É como se fosse uma troca, a qual chamamos na denúncia de pacto, porque assim me foi dito […]. O que eles falavam eram em alinhamento ideológico. Tinha que dar esperança para as pessoas irem às ruas, e essa esperança tinha um nome: hidroxicloroquina", disse Morato.
Em 22 de setembro, também em depoimento à comissão, o diretor-executivo da Prevent Senior, Pedro Benedito Batista Júnior, admitiu que a operadora usou remédios ineficazes contra o SARS-CoV-2, como cloroquina, mas somente com o consentimento de pacientes ou de seus parentes. O diretor-executivo negou que a empresa tenha omitido óbitos.