O Talibã (organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países) advertiu que os EUA enfrentarão "consequências" se seus drones continuarem operando ilegalmente no espaço aéreo do Afeganistão.
Em uma declaração na terça-feira (28), o grupo afirmou a responsabilidade norte-americana pelo território do país, incluindo seu espaço aéreo, e lembrou as obrigações de Washington no âmbito do acordo de paz de Doha de fevereiro de 2020.
"Os Estados Unidos violaram recentemente todas as leis internacionais e seus compromissos com o Emirado Islâmico [autonome do Talibã] em Doha, Catar, e o espaço aéreo sagrado do Afeganistão está sendo ocupado por drones norte-americanos. Estas violações devem ser corrigidas e prevenidas", sublinhou o Talibã em mensagem no Twitter.
"Exortaremos todos os países, especialmente os Estados Unidos, a cumprirem seus compromissos e leis internacionais, a fim de evitar quaisquer consequências negativas", disse o grupo militante, sem elaborar quais seriam as consequências.
No final do mês passado, um ataque com drone norte-americano contra os militantes do Estado Islâmico-Khorasan (EI-K), acabou matando acidentalmente dez civis, incluindo sete crianças e um trabalhador humanitário. Washington se reservou o direito de continuar os ataques com drones em todo o país contra suspeitos de terrorismo.
Após tomar conta do Afeganistão no mês passado, o Talibã capturou um arsenal de armas, na maioria fabricadas nos EUA, no valor de dezenas de bilhões de dólares, incluindo armas pequenas e leves, lança-granadas, veículos resistentes a minas, milhares de Humvees, artilharia móvel e rebocada, e howitzers, bulldozers, escavadeiras.
Além disso, eles agora possuem um pequeno número de aeronaves, a maioria das quais são helicópteros parcialmente desmontados, mas também drones, helicópteros de ataque, e helicópteros UH-60 Black Hawk.
Os países da região indicaram preocupação com o destino deste arsenal, tendo Moscou expressado em agosto a esperança de que as armas não seriam utilizadas em uma potencial guerra civil.
Outros advertiram que parte do transporte pode acabar no mercado internacional de armas, ou nas mãos de grupos como o Daesh e a Al-Qaeda (organizações terroristas proibidas na Rússia e em vários outros países). Os EUA dotaram as forças de segurança afegãs com cerca de US$ 28 bilhões (R$ 151,89 bilhões) em armas entre 2002 e 2017, com praticamente todo esse equipamento, exceto o que foi destruído, caindo nas mãos do Talibã.