Colapso do Afeganistão pode ter sido causado por acordo de Trump com Talibã, diz general dos EUA

Em agosto os EUA realizaram uma evacuação aérea maciça e caótica do Afeganistão de civis locais e militares norte-americanos, que foi precedida por vitórias rápidas do Talibã.
Sputnik
O colapso do governo do Afeganistão e de suas forças militares tem sua origem no acordo de retirada dos militares dos EUA assinado em fevereiro de 2020 pelo Talibã (organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países) e pelos EUA em Doha, Catar, disseram na quarta-feira (29) altos responsáveis de Defesa dos EUA.
"A assinatura do acordo de Doha teve um efeito realmente pernicioso sobre o governo do Afeganistão e sobre seus militares, psicológicos mais do que qualquer outra coisa, mas estabelecemos uma data – certa para quando partiríamos e quando eles poderiam esperar que toda a assistência terminasse", apontou o general Frank McKenzie, chefe do Comando Central dos EUA, em audiência no Comitê de Serviços Armados da Câmara dos Representantes norte-americana.
O acordo, assinado durante a administração norte-americana de Donald Trump (2017-2021) previa a retirada completa das forças norte-americanas do Afeganistão até maio de 2021. Com a entrada de Joe Biden no cargo em janeiro de 2021, ele acabou adiando o prazo até o limite de 11 de setembro, data do 20º aniversário dos ataques terroristas de 2001 nos EUA, que levaram diretamente à invasão do Afeganistão por Washington em outubro desse ano.
Segundo McKenzie, a redução por Biden da presença das tropas norte-americanas para menos de 2.500 a partir de abril acelerou a queda do governo afegão e de suas forças militares.
Lloyd Austin, secretário de Defesa dos EUA, concordou com a análise, acrescentando que pelo acordo de Doha o país norte-americano se comprometeu a parar com os ataques aéreos contra o Talibã e "assim o Talibã ficou mais forte, eles aumentaram suas operações ofensivas contra as forças de segurança afegãs, e os afegãos estavam perdendo muita gente semanalmente".
Na terça-feira (28), o general Mark Milley, chefe do Estado-Maior Conjunto, disse que apesar do "sucesso logístico" na retirada de militares e civis do Afeganistão, a saída do país asiático foi um "fracasso estratégico".
Após rápidas vitórias do Talibã a partir de agosto, os EUA completaram oficialmente sua retirada militar do Afeganistão em 30 de agosto, permitindo a evacuação de mais de 100.000 civis do país e também de militares norte-americanos, mas relatos indicam que muitos cidadãos afegãos vulneráveis e forças de Washington permaneceram no país asiático. Além disso, ocorreram ataques terroristas durante o processo no Aeroporto Internacional de Cabul.
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