A China já pediu às Filipinas que o país não revisasse o Tratado de Defesa Mútua (MDT, na sigla em inglês) que tem com os EUA, relatou na quinta-feira (30) a agência britânica Reuters, citando o ministro da Defesa filipino.
"Enquanto os EUA saúdam a ideia de revisar o MDT, uma parte externa não saúda", disse o ministro, referindo um episódio que teria ocorrido em 2018.
"O ex-embaixador chinês veio até mim e disse: 'Por favor, não toque no MDT'. Deixe ele estar como está", contou Lorenzana à Reuters.
O alto responsável das Filipinas teria perguntado a razão desse pedido.
"Ele disse que qualquer tentativa de revisão do MDT seria interpretada pelo governo chinês como um ato para conter a ascensão da China", referiu o ministro da Defesa.
Perguntado como ele respondeu, Delfin Lorenzana disse: "Eu apenas olhei para ele e sorri". De acordo com a Reuters, a embaixada chinesa em Manila não comentou a questão.
As Filipinas têm frequentemente acusado a China de usar frotas pesqueiras maciças como forma de pressão sobre o país. Em 15 de agosto, Teodoro Locsin Jr., atual ministro das Relações Exteriores das Filipinas, declarou o apoio à aliança militar AUKUS (entre a Austrália, Reino Unido e os EUA) que é vista em Pequim como uma forma de conter a ascensão da China.
Ao mesmo tempo, Rodrigo Duterte, líder do país, tem ameaçado terminar a cooperação militar com os EUA ao longo de sua presidência.
Os EUA derrotaram a Espanha em uma guerra em 1898, com o país europeu perdendo o que restava das colônias que acumulava desde 1492. Isso resultou no Tratado de Paris, que estabeleceu, entre outros aspetos, a anexação das Filipinas pelos norte-americanos, cuja independência Washington reconheceu apenas em 1946.
Em 1951 os EUA e as Filipinas assinaram o TDM, que definiu as condições segundo as quais Washington prestaria ajuda militar a Manila. O país asiático tem abrigado desde então uma presença rotativa de tropas norte-americanas para exercícios conjuntos, trocas de inteligência e transferências de hardware.