Embora a ascensão econômica da China seja benéfica para as economias dos países-membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), ainda representa alguns desafios de segurança para os Estados, afirmou o secretário-geral da Aliança Atlântica, Jens Stoltenberg.
"A ascensão da China, que oferece grandes oportunidades para todos nós, para nossas economias, para o comércio, para interagir com eles, e a ascensão econômica da China também ajudou a tirar centenas de milhões de pessoas da pobreza", começou por dizer Stoltenberg durante evento na Universidade de Georgetown, EUA, nesta terça-feira (5).
O secretário-geral da OTAN prosseguiu dizendo que a expansão militar da China pode representar sérios desafios aos aliados da OTAN e que antes da Estratégia Militar de 2019, a OTAN não se direcionava para China.
Drone de vigilância hipersônico WZ-8 durante o desfile militar marcando o 70º aniversário da fundação da República Popular da China, em Pequim
© AFP 2023 / GREG BAKER
"Vimos que percorremos um longo caminho para chegar a um acordo como OTAN, com 30 aliados, de que a ascensão da China é importante para a nossa segurança [...]. A China tem o segundo orçamento de Defesa do mundo, investindo pesadamente em novas capacidades militares, incluindo sistemas de armas nucleares de longo alcance. Eles estão construindo muitos silos para mísseis de longo alcance com o objetivo de expandir as capacidades letais."
Stoltenberg concluiu dizendo que embora a OTAN não considere a China um inimigo, a Aliança Atlântica deve se relacionar com todos os aspectos da ascensão do país.
Guerra híbrida e cibernética
A linha entre a vida militar e a civil é muito mais tênue nos dias modernos do que no passado devido à guerra híbrida e cibernética, disse o secretário-geral da OTAN.
"Acho que há muitos anos havia uma vida civil e depois havia uma vida militar, e era muito fácil distinguir entre paz e guerra [...]. Agora, essa linha é muito mais tênue", disse Stoltenberg.
O chefe da OTAN explicou que nas arenas cibernéticas, híbridas e outras, a linha entre guerra e paz é "muito mais confusa", assim como ações agressivas ou interação pacífica. Dessa forma, a única maneira de evitar esse obscurecimento das linhas seria criar as chamadas "regras da estrada" sobre como se comportar em lugares como o ciberespaço, disse Stoltenberg.
Soldados da França integrando tropas da OTAN
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O secretário-geral da Aliança Atlântica enfatizou que o que mais importa no final das contas é a confiança.
A declaração de Stoltenberg foi feita em resposta a uma pergunta sobre quais condições precisam ser estabelecidas para começar a dessecuritização de tecnologias como 5G, que deixou de ser uma questão comercial para se tornar uma questão de segurança por causa de preocupações com o governo chinês.