A defesa do ministro da Economia, Paulo Guedes, apresentou nesta quarta-feira (6) uma série de documentos ao Ministério Público que demonstrariam que o ministro não ocupa mais o cargo de administrador na empresa aberta por ele nas Ilhas Virgens Britânicas, um paraíso fiscal.
"Paulo Guedes, tanto em sua vida privada, quanto no exercício da função pública, sempre se pautou pelos regramentos legais e éticos existentes, tendo sempre apresentando a documentação pertinente ao lídimo exercício do cargo, à Comissão de ética Pública e demais órgãos competentes", dizem os advogados, citados pelo jornal Folha de S. Paulo.
De acordo com a documentação apresentada, Guedes está afastado da administração da empresa desde dezembro de 2018, antes de assumir função pública.
No domingo (3), reportagens que integram a série Pandora Papers, do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, na sigla em inglês), mostraram que o ministro da Economia manteve ativa a offshore Dreadnoughts International Group Limited mesmo após se tornar ministro da Economia, em 2019. A empresa do ministro foi aberta em 2014 e é estimada em US$ 9,5 milhões (aproximadamente R$ 52 milhões).
Ilustração fotográfica mostra logotipo do Pandora Papers, em Lavau-sur-Loire, oeste da França, em 4 de outubro de 2021
© AFP 2023 / LOIC VENANCE
Ministro convocado
A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (6) por 310 votos a 142 um requerimento de convocação do ministro da Economia, Paulo Guedes, para que ele dê explicações ao plenário da Casa sobre a empresa em paraíso fiscal, reporta o portal G1.
Além de Guedes, o ICIJ encontrou uma offshore do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que não foi alvo do requerimento aprovado na Câmara.
No Senado, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) aprovou convites para que o Guedes e Campos Neto prestem esclarecimentos sobre as empresas. A oitiva foi agendada para 19 de outubro. Por ser convite, os dois não são obrigados a comparecer à comissão do Senado.